A história dos imigrantes chineses no Brasil é antiga. Em 15 de agosto de 1900, atracava no porto de Santos, litoral paulista, o navio a vapor Malange, vindo de Portugal e trazendo trabalhadores chineses para lavouras de café no interior do estado. O registro de de 119 homens chineses, com idades entre 20 e 40 anos, consta nos arquivos da antiga Hospedaria dos Imigrantes, hoje conhecida como Museu da Imigração.

A data da chegada do grupo a terras brasileiras ficou marcada no calendário de celebrações nacional como o Dia da Imigração Chinesa no Brasil. A comemoração foi instituída pelo projeto de lei nº 42/2018 de autoria do deputado federal Fausto Pinato (PP-SP), presidente das Frentes Parlamentares Brasil-China e BRICS.

Thomas Law, presidente do Ibrachina (esquerda) e Deputado Federal Fausto Pinato (direita)
O Presidente do Ibrachina, Thomas Law, e o deputado federal, Fausto Pinato, autor do projeto de lei que instituiu o Dia Nacional da Imigração Chinesa no Brasil

O fluxo migratório ganhou força a partir da década de 1950 por causa dos conflitos que aconteciam na China nesta época. O movimento se intensificou com a abertura do país asiático ao ocidente na década de 1980, possibilitando a vinda de empreendedores chineses para o Brasil. As relações entre os dois países se estreitaram desde então, estimulando o intercâmbio social, cultural e econômico.

Estima-se que no Brasil vivam cerca de 300 mil chineses. Segundo dados da Polícia Federal, os chineses representam cerca de 5% do número de imigrantes registrados no país. Mesmo com a receptividade do povo brasileiro, os imigrantes enfrentam alguns desafios como as diferenças culturais e questões sociais. Por ser diferente do mandarim, a língua portuguesa se torna outro obstáculo para os recém-chegados.

Exposição de gravuras esculpidas em pedra que mostram cenas milenares da cultura chinesa, que ficou em cartaz no Museu de Arte Brasileira da FAAP

O intercâmbio cultural entre imigrantes chineses e brasileiro sofreu um revés em 2020. Com a chegada da pandemia do novo coronavírus ao Brasil, a comunidade asiática começou a sofrer ataques xenofóbicos e racistas. O Ibrachina foi uma das instituições que se organizaram para combater o preconceito. Entre as iniciativas realizadas com esse intuito estão o Observatório do Coronavírus, que passou a trazer informações confiáveis sobre a crise sanitária e a desmentir fake news, e também a Central de Denúncias, que recebe denúncias de atitudes preconceituosas contra imigrantes chineses e seus descendentes.

Entre os projetos de valorização da cultura chinesa como parte da construção da identidade brasileira está a construção de uma Chinatown em São Paulo. A iniciativa colocaria a cidade no rol de metrópoles que já têm uma, como Nova York, São Francisco, Los Angeles, Buenos Aires e Paris. O projeto já está sob avaliação do governo paulistano e da Câmara de Vereadores e conta com o apoio de empresas e da comunidade chinesa na cidade, entre elas, o Ibrachina.

O projeto urbanístico de R$ 150 milhões, sem contar outros equipamentos como museus e centros tecnológicos, pode mudar uma das áreas mais degradadas de São Paulo, vizinho à cracolândia, ao Mercado Municipal e à Rua 25 de Março.

“O projeto será financiado por associações de chineses (são 50 na cidade, uma de cada cidade ou província), empresas e pela comunidade. Nosso objetivo é ao menos iniciar a pedra fundamental em 2024, quando celebramos os 50 anos da retomada das relações diplomáticas entre Brasil e China”, afirmou Thomas Law, presidente do Ibrachina e líder do projeto.

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