Segundo registros históricos, o papel foi inventado na China no ano de 105 d.C. por Cai Lun. Assim que sua versatilidade foi descoberta, os chineses perceberam ser possível cortá-lo e criar diversas combinações. Isso deu origem à arte de cortar papel.
Durante a dinastia Tang (618-907 d.C.), essa forma de expressão tornou-se tema de poemas. Apesar dessa técnica ter se espalhado pelo mundo, adquirindo características culturais de cada local, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO reconhece a China como a criadora. Por isso, a organização colocou o jiǎnzhǐ (剪纸) – arte do papel recortado – na Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Variações de estilo
O jiǎnzhǐ tem uma forte ligação com as diferentes culturas chinesas. Diferentes regiões do país desenvolveram uma forma de criar desenhos únicos, usando apenas papel e tesoura, fazendo recortes pequenos, delicados e precisos.
O estilo do sul, característico das províncias de Jiangsu e Zhejiang, por exemplo, apresentam designs complexos, com entalhes requintados e formas interessantes. O estilo do norte, principalmente das províncias de Hebei e Shaanxi, apresenta formas exageradas, vigorosas, com representações vívidas.
Um dos estilos mais comuns é simétrico, consistindo de uma única imagem, geralmente criada por dobras no papel. Em seguida, corta-se uma forma, que quando o papel é desdobrado, revela um desenho complexo.
Usos mais comuns
Há uma crença popular de que o papel vermelho recortado atrai felicidade. Isso faz com que o trabalho ganhe ainda mais significado, sendo usado em várias ocasiões, como no Ano Novo chinês, além de casamentos, aniversários e outros.
Para cada ocasião, um tipo de desenho é recortado, trazendo consigo diversos significados.
No Ano Novo, por exemplo, o corte mais comum é o “福 Fu”, colado de maneira invertida na porta de entrada para expressar o desejo de receber a felicidade. Em aniversários, o desenho “寿 Shou” trará consigo votos de longevidade. Nos casamentos, o corte “囍 Xi” deseja aos noivos muitas felicidades.
A forma milenar de cortar papéis acompanha o desenvolvimento do povo chinês, como uma tradição que mantém os laços com a ancestralidade, algo fundamental para sua preservação.
Esse costume continua presente nas comunidades chinesas espalhadas pelo mundo, mantendo viva uma técnica milenar, mesmo diante de tantas evoluções tecnológicas.