As relações diplomáticas entre Brasil e China foram retomadas em 1974. Entre as primeiras ações, a assinatura de tratados comerciais e aumento da exportação.
Somente em 1982 foi assinado um acordo de cooperação entre os dois países. Em 25 de março daquele ano, o então Ministro das Relações Exteriores Ramiro Saraiva Guerreiro foi recebido na China pelo presidente Deng Xiaoping.
Durante a visita oficial, o chanceler brasileiro e o presidente do CNPq, Dr. Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque, estiveram na Universidade de Shangai, onde alinhavaram um acordo de cooperação em ciência e tecnologia. O documento, assinado pelo chancelar Saraiva Guerreiro e seu homólogo chinês, Huang Hua. Ele estabeleceu as bases para os acordos futuros em áreas diversas como a nuclear e a espacial.
Naquela ocasião, também foi combinada a concessão de uma área submarina no mar da China, disputada por empresas mundiais, para exploração de petróleo pela Petrobrás. A assinatura desses acordos e contratos demonstrava o interesse do governo chinês em prosseguir com a política de “portas abertas” para iniciativas de parceiros brasileiros.
Oficialmente, o Acordo de Cooperação entrou em vigor desde 30 de março de 1984, quando foi aprovado pelo Congresso Nacional. Ele foi repactuado pelo Decreto 638, de 24 de agosto de 1992.
Ou seja, são quatro décadas dessa parceria. No início, o interesse do Brasil era promover o intercâmbio nas áreas de Medicina Tradicional Chinesa, Farmacologia de plantas medicinais e Piscicultura de água doce. Por sua vez, a China tinha o interesse em conhecer a experiência brasileira em construção de grandes barragens e hidrelétricas, tecnologia de alimentos, culturas tropicais, fontes alternativas de energia e em mapeamento geológico por sensoriamento remoto.
Desde que a assinatura do Acordo de Cooperação Científica e Tecnológica foi assinado, o perfil de Brasil e China mudaram muito. No governo de Deng Xiaoping, teve início, em 1976, o programa “Quatro Modernizações”. Ele foi um marco para o país, que fez grandes investimentos para o desenvolvimento de agricultura, indústria, forças armadas, ciência e tecnologia. Os chineses passaram por um período de grandes avanços e ultrapassaram os brasileiros em várias áreas.
Em 2015, a China aprovou o Plano de Ciência, Tecnologia e Inovação, que está em vigor até 2050. Este plano inclui a modernização industrial “Made in China”. Atualmente, a China é referência na área da ciência e tecnologia e tem exportado seus produtos para todo o mundo.
Em 1984, a China buscou uma aproximação com a comunidade científica brasileira. Através de um Ajuste Complementar entre o CNPq e a Academia de Ciências da China nos campos das Ciências Puras e Aplicadas, além da assinatura do Memorando de Entendimento sobre a Cooperação Nuclear para Fins Pacíficos. Como resultado, os dos países firmaram o Acordo para Cooperação nos Usos Pacíficos da Energia Nuclear, em 1987.
Novos acordos
Novos acordos na área de ciência e tecnologia foram assinados entre Brasil e China. O mais recente foi formalizado em abril de 2023, durante visita da comitiva do presidente Lula a Beijing.
Um deles promove a transferência de tecnologia, fortalece a cooperação e o intercâmbio na área industrial, dando prioridade à cooperação aprofundada em novas energias (eólica, solar) e novos materiais energéticos, à biomassa, conservação da energia e proteção ambiental, agricultura e pecuária modernas, entre outras áreas.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovaçao (MCTI) teve reuniões com o conselheiro para Assuntos de Tecnologia Científica da Embaixada da China em Brasília, Lu Ping, e o secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do MCTI, Inácio Arruda, para a mapear as áreas de interesse para a cooperação bilateral.
No encontro realizado em Brasília, na sede do MCTI, o trabalho do Brasil na popularização da ciência e educação científica despertou atenção dos chineses. Outra atividade em que poderia haver colaboração é na organização de olimpíadas científicas, como a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP-IMPA) e a Olimpíada de Professores de Matemática do Ensino Médio (OPMbr), organizada pelo ITA, que premia os vencedores com uma visita a Xangai. O conselheiro Lu Ping sugeriu organizar encontros entre pesquisadores brasileiros e chineses, a exemplo do Encontro Conjunto de Matemática Brasil-China, realizado em Foz do Iguaçu, Paraná, em julho de 2023.
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