O diretor de Relações Internacionais do Ibrachina, Rodrigo Moura, cursa o mestrado em Estudos Chineses na Universidade de Zhejiang. Em conversa com o site, explicou como está sendo o novo lockdown decretado pelo governo após um novo surto na China continental.
O motivo é uma nova subvariante da Ômicron (BA.1.1), inicialmente detectada em Suzhou, no leste da China, na província de Jiangsu. No caso de Shanghai a situação chegou a níveis alarmantes e por essa razão a cidade foi a primeira a entrar em lockdown.
“A partir daí a propagação que já estava rápida começou a atingir picos cada vez mais altos a cada dia, deixando todos assustados e aflitos”, relata Rodrigo.
Ele explica que o lockdown é focalizado, por isso somente as cidades que possuem muitos casos entram nesse modo, enquanto as demais continuam suas atividades normalmente.
“O que é comum a todo o país são os transportes intermunicipais e entre províncias que estão parados para evitar o pior. E isso também se deve ao momento, pois agora é o Qingming (Festival do Puro Brilho) onde todos normalmente retornam à terra natal para visitar os túmulos dos ancestrais e amigos para limpá-los e prestar reverências”, destaca o brasileiro.
O procedimento padrão é uma comunicação governamental via celular, por mensagens e também pelo controle do código de saúde que além de rastrear os lugares por onde passou, demonstra a situação da região onde cada um se encontra. Para isso usa-se um sistema de cores, onde verde é normal, amarelo significa alerta e vermelho indica alto risco.
“No meu caso pela primeira vez meu código, que sempre foi verde, ficou amarelo. Sendo assim, todos na região em que estou devemos nos manter em casa, usar máscara ao sair para fazer os testes que são realizados dentro dos condomínios, escolas, universidades ou nas ruas dos bairros”, explica Rodrigo.
O monitoramento por testes é constante e a situação é revisada a cada semana. Com isso, muitas pessoas ficam em isolamento, o que afeta drasticamente a rotina.
“Nesse cenário vemos a importância do guanxi ou seja do relacionamento entre vizinhos e amigos, assim o que sobra em casa nós buscamos dividir com os outros pois muitos, por diversas razões, podem não estar preparados para enfrentar um lockdown repentino. Por exemplo, um saco de arroz para o vizinho do mesmo andar ou uma caixa de frutas para um amigo do mesmo prédio. Salientando que esta prática já acontecesse mesmo sem lockdown”, relata o diretor de Relações Internacionais do Ibrachina.
Finalizando dizendo que “há muitos voluntários que fazem o papel de cuidar dos idosos, doentes e pessoas com necessidades especiais que não possuem um familiar próximo. Enfim, todos estamos nos esforçando para manter essa situação manobrável de forma que os afetados possam ser atendidos e os hospitais não enfrentem congestionamento”.
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