Em outubro, o primeiro “carro voador” fez um voo de demonstração em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Totalmente elétrico, foi desenvolvido pela empresa chinesa XPeng AeroHT.
O que parece ter saído de filmes futuristas é apenas mais um elemento no panorama tecnológico chinês. Durante as Olimpíadas de Inverno, realizadas em fevereiro em Beijing, o mundo pôde conhecer o Yuan Digital, a moeda usada pelos chineses. Além disso, o evento serviu de vitrine para grandes avanços em tecnologia e inovação, como o amplo uso de veículos elétricos e uso de robôs de serviço.
Esse “cenário futurista” tem sido cada vez mais comum na China, que subiu para o 11º lugar no Índice Global de Inovação de 2022 e continua sendo a única economia de renda média entre as 30 primeiras. Os dados são da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI, na sigla em inglês).
Essa é uma grande mudança para um dos países que mais apostou em inovação neste século. De fato, nas últimas décadas a China experimentou uma “revolução tecnológica”, apostando em pesquisa e desenvolvimento, e intensificando os esforços para se consolidar de vez como potência tecnológica.
Em 2012, os chineses ocupavam a 34ª posição no Índice Global de Inovação e a previsão é que em uma década estejam nas primeiras posições.
Daren Tang, diretor-geral da OMPI, explicou em entrevista que “o governo chinês tem planos estratégicos de cinco anos nos quais conseguem harmonizar a elaboração de políticas de Propriedade Intelectual com todos os elementos relacionados. A China nutre seu ecossistema de inovação de uma forma holística e abrangente”.
A China está ajudando a moldar o cenário global de inovação, que se tornou uma política de Estado. Por exemplo, o recente Plano Quinquenal do governo chinês estabeleceu 2025 como data-alvo para se alcançar grandes avanços em tecnologias essenciais nas áreas de energia, computação quântica, genética, biotecnologia e semicondutores.
Etiqueta Made in China é sinônimo de qualidade
Com isso, está deixando definitivamente para trás a imagem de mera reprodutora dos produtos criados por outros países. A etiqueta “Made in China” já é sinônimo de qualidade.
Nenhuma outra nação tem investido tanto em áreas vitais para a economia. No ano passado, investiu 401 bilhões de dólares em para pesquisa e desenvolvimento, equivalente a 2,4% do seu PIB.
Outro dado significativo é que o Instituto Nacional de Política Científica e Tecnológica do Japão publicou um estudo mostrando que são de chineses 27,2% das pesquisas científicas mais citadas no planeta entre 2018 e 2020. A China liderou pela primeira vez esse ranking, deixando os Estados Unidos com o segundo lugar (24,9%) e o Reino Unido com um distante terceiro (5,5%). Além disso, registrou 69.540 pedidos de registros de patente, superando pelo terceiro ano consecutivo os Estados Unidos nesse quesito.
“A diferença entre a China e os outros países é que ela não espera as tendências emergirem para construir a sua versão. O país não quer seguir os demais, mas sim ser o melhor e reescrever a história. Histórias com novas tecnologias“, explica Pascal Coppens, autor do livro “China’s New Normal: How China sets the standard for innovation“.