O fortalecimento da cultura nacional na China está presente também na moda de luxo, representada pelo termo “国潮 Guochao”. A palavra refere-se a produtos nacionais chineses que utilizam matérias-primas e elementos que remetem ao patriotismo e à nostalgia cultural.
Marcas de luxo ocidentais como Dior, Dolce & Gabbana e Louis Vuitton estão perdendo espaço entre os chineses de classe média alta.
Em entrevista recente, Paulo Menechelli, diretor de programas do ObservaChina, o Guochao “surge do fortalecimento da China, especialmente na confiança cultural”. Com a ascensão econômica do país asiático, a qualidade de vida e o comércio local também estão crescendo e atingindo outros níveis.
Outro ponto relevante para o fortalecimento de marcas locais é o distanciamento da população chinesa do Ocidente, reflexo de um forte sentimento de orgulho nacional. “O Guochao envolve rebranding, novas marcas, tendências e aspectos típicos do capitalismo”, completa Menechelli.
Surgido em 2018, este estilo está se tornando tendência por misturar designs modernos com uma sugestão nostálgica inspirada na cultura tradicional chinesa. Também denominado “Novo Estilo Chinês”, reforça o uso de designs contemporâneos com elementos que remetem à história milenar do país.
As roupas e acessórios Guochao se inspiram em estilos como o qipao (popular na China das décadas de 1920 a 1940) e as túnicas das dinastias Han (202 a.C. – 220 d.C.) e Tang (618 a 907 d.C). Seu maior diferencial na versão contemporânea é que ele mantém a elegância das roupas antigas, tornando-as relevantes para a geração atual.
Algumas marcas vêm se destacando no mercado, como as grifes chinesas Uma Wang, Samuel Guì Yang e Yuhan Wang. Nos últimos meses tornou-se uma das maiores tendências entre a Geração Z da China e marcas mais populares já absorveram o conceito em suas novas coleções. Isso pode ser visto de modo especial na maior plataforma de compartilhamento de estilo de vida da China, a Xiaohongshu (similar ao Instagram).