A revista científica Nature publicou informações inéditas sobre a descoberta de uma fábrica de pigmentos que mostra como vivia um grupo de pessoas na China há 40 mil anos.
Arqueólogos que trabalham no sítio de Xiamabei, na Bacia de Nihewan, norte do país, descobriram um lugar onde provavelmente funcionava uma fábrica de ‘ocre’, que é um pigmento natural de argila.
A descoberta remete a um período na história do leste da Ásia onde ocorria uma grande diversificação cultural e miscigenação genética e tecnológica. O que foi encontrado ali pode trazer luz aos estudos de como aconteceu a evolução do comportamento cultural naquela região.
As evidências sobre o processamento do ocre, com ferramentas feitas de pedras distintas semelhantes a lâminas trazem novas impressões sobre a inovação cultural e a expansão do homo sapiens na China.
O material é diferente de tudo que já foi visto por ali. “Xiamabei se diferencia de qualquer outro sítio arqueológico conhecido na China, pois possui um novo conjunto de características culturais em uma data inicial”, declarou Fa-Gang Wang, um dos autores do estudo.
Segundo ele, que é pesquisador do Instituto Provincial de Relíquias Culturais e Arqueologia de Hebei, o clima do lugar facilitou a evolução cultural da região. “Os achados em Xiamabei estão nos ajudando a entender essas adaptações e seu potencial papel na migração humana”.
Sobre a descoberta
Os sítios arqueológicos da Bacia de Nihewan apresentam riquezas de civilizações muito antigas que variam entre 2 milhões e 10 mil anos de existência.
O material encontrado em Xiamabei são curiosos, pois possuem restos de dois tipos de ocres com diferentes composições minerais. Além disso, os pesquisadores encontraram uma laje de calcário comprida, com áreas lisas contendo borrões de ocre fixadas sobre uma superfície de sedimentos manchada de vermelho.
Ao analisarem os achados, pesquisadores da Universidade de Bordeaux, liderada pelo professor Francesco d’Errico, entenderam que o material era usado para produzir pós de diferentes cores e consistência.
Os utensílios encontrados apontam também para um sistema técnico e complexo de transformação de matérias-primas nunca vistas em locais tão antigos.