Apesar do crescimento de negócios inovadores no país, como as startups, a presença feminina dentro de ecossistemas de inovação ainda é mínima. No Brasil, 4,7% das startups foram fundadas exclusivamente por mulheres e 5,1% por homens e mulheres. Os dados são do estudo Female Founders Report realizado pelo Distrito Dataminer, em parceria com a B2Mamy e Endeavor, no ano passado.
Neste Dia Internacional da Mulher, conversamos sobre esse tema com Tania Gomes Luz, head de inovação do Ibrawork, hub de inovação aberta sediado em São Paulo. Ela recebeu o Prêmio Empreendedores da PEGN 2016. Também é escritora, palestrante e mentora no Programa SP Stars.
Conforme Tânia, ao contrário do que vivíamos alguns anos atrás, esta data vem se consolidando “como um dia que não é de comemoração, mas um momento em que reforçamos a urgência de equidade entre gêneros e o respeito aos direitos das mulheres”.
A profissional tem mais de 10 anos de experiência como empreendedora, sendo uma entusiasta de startups, além de sempre defender uma maior diversidade no mercado de trabalho. Por isso, enfatiza que este “não é dia de flor, nem dia de homenagem. É dia de reflexão”.
Ainda segundo Tania, “de modo geral, o significado do 8 de março cumpre mais o papel político e social que sempre esperamos, um momento para, com apoio de toda sociedade, discutirmos como equilibrar as coisas”.
Ao falar sobre sua experiência como empreendedora no mercado digital, a head de inovação do Ibrawork ressalta que, “de um modo geral, empreender sendo mulher é um desafio em qualquer mercado. O ambiente digital é uma extensão da nossa sociedade e, obviamente, guarda semelhanças comportamentais positivas e negativas com o mercado tradicional”.
Ela acredita que houve avanços nos últimos anos, pois o cenário em 2022 é bem diferente do que havia no Brasil quando ela começou no ecossistema de startups, em 2015. “Éramos um número muito menor de mulheres, com espaços inexistentes para falar de negócios. Não eram raros os eventos em que o lineup não tinha mulheres palestrantes. Ou quando havia era para falar sobre empreendedorismo feminino”, lembra.
Tania reforça que “as empreendedoras ainda precisam de rede de proteção e de apoio, mas também de espaços de fala para provar sua competência enquanto CEO de um negócio”.
Ela explica que no Ibrawork “nosso trabalho também é abrir espaço para que essas mulheres possam não só apresentar seus negócios ao mercado, mas que acessem oportunidades de melhorar seus produtos e serviços, a fim de ganhar escala e sustentabilidade”.
Cita como exemplo disso o Startup Weekend Smart Cities, evento promovido pelo hub, no qual 50% dos participantes eram mulheres. Em 31 de março, fechando o mês da mulher, o Ibrawork promoverá um evento em parceria com o Instituto Como Contar, que visa um público majoritariamente feminino e discutirá as oportunidades e estratégias ESG para criação de ambientes seguros para mulheres.
Por fim, Tânia destacou que, embora a escolha dos profissionais do Ibrawork independa de gênero, grande parte da equipe é formada por mulheres. “Elas vêm fazendo um trabalho irretocável desde que inauguramos em dezembro”, conclui.