Os bai são uma etnia minoritária chinesa que vive majoritariamente na Prefeitura Autônoma de Dali Bai, província de Yunnan, no sudoeste da China. O restante está espalhado em Xichang e Bijie, nas províncias vizinhas de Sichuan e Guizhou, respectivamente.
Eles são o quinto maior grupo étnico minoritário da China, com uma população estimada de 2 milhões de pessoas.
Situada no planalto Yunnan-Guizhou, a região habitada pelos bai é cortada por rios, sendo Lancang, o Nujiang e o Jinsha os principais. Os vales dos rios, as densas florestas e as vastas extensões de terra formam uma bela paisagem e proporcionam uma colheita abundantes.
Tradicionalmente, os bai vivem da agricultura. Eles cultivam arroz, milho, soja, chá, cana-de-açúcar e tabaco. Também são conhecidos por sua produção de seda e algodão.
A área ao redor do Lago Erhai, em Dali Bai, possui um clima ameno e terras férteis que rendem duas colheitas por ano. As florestas oferecem madeira, ervas medicinais e animais para caça. O Monte Diancang contém um rico depósito do famoso mármore de Yunnan, muito branco e com veios de vermelho, azul claro, verde e amarelo leitoso. É apreciado como material de construção e também para escultura.
Origens e História
Achados arqueológicos mostram que a região de Erhai era habitada já no Neolítico. Artefatos desse período indicam que as pessoas da região usavam ferramentas de pedra, se dedicavam à agricultura, criação de gado, pesca e caça, e viviam em cavernas. Possivelmente, eles começaram a usar facas e espadas de bronze e outras ferramentas de metal há cerca de 2.000 anos.
Em 109 a.C. a Dinastia Han Ocidental estabeleceu administrações distritais e transferiu um grande número de membros da etnia han para esta área fronteiriça. Em contato com o povo bai que vivia ali, ensinaram técnicas de produção mais avançadas e ferramentas de ferro, contribuindo para o desenvolvimento econômico da região. Durante as dinastias Sui (581-618) e Tang (618-907), a agricultura deu um salto na produção. Desde então os bai convivem em harmonia com as demais etnias.
Cultura
Ao longo dos séculos, os bai criaram uma ciência e uma cultura próprias. Entre seus avanços estão invenções e domínio de meteorologia, arquitetura, ciências médicas, literatura, música, dança, escultura e pintura.
Sua língua, o bai, pertence à família sino-tibetana. Falada pela maioria dos membros da etnia, possui vasto registro literário, que inclui poesia, prosa e drama. Entre as obras representativas do povo bai estão “Catálogo de Estrelas de Trânsito para Determinação de Tempo”, do estudioso da Zhou Silian, “Coleção de Prescrições Secretas”, de Chen Dongtian, e “Prescrições Testadas”, de Li Xingwei. Esses clássicos registraram e resumiram detalhadamente a valiosa experiência do povo bai em astronomia e medicina.
“A História dos Bai”, “Anedotas de Nanzhao” e “Reinos do Sudoeste da China” estão entre as melhores obras escritas por historiadores Bai. Eles fornecem dados importantes para o estudo da história da região de Erhai.
Uma das características mais marcantes da cultura bai é sua arquitetura. Suas casas geralmente são feitas de madeira e bambu, com telhado de palha. Elas são frequentemente decoradas com pinturas e esculturas.
A habilidade arquitetônica do povo bai é representada pelos três pagodes do Templo Chongsheng em Dali. Construída durante a Dinastia Tang, a torre principal de 16 andares tem 60 metros de altura e permanece ereta após mais de 1.000 anos. Se assemelha ao Pagode Dayan (Ganso Selvagem) em Xi’an, antiga capital chinesa na atual província de Shaanxi.
As estatuetas nas Grutas de Shibaoshan, no condado de Jianchuan, são realistas, possuindo tanto as características comuns da criação de figuras na China quanto as características únicas dos artistas bai. O conjunto arquitetônico do Templo Jizushan, com travessas em forma de arco, colunas inseridas em colchetes e gárgulas representando pessoas, flores e pássaros criados com o método de escultura aberta, mostra o excelente trabalho do povo bai.
Hábitos e tradição
Os membros do grupo étnico bai pertencem a diferentes religiões. A maioria é budista, mas há também um número significativo de cristãos, muçulmanos e seguidores de religiões tradicionais chinesas.
Pontilhada de mosteiros e templos budistas, Dali é conhecida como um “País das Maravilhas Perfumado”.
O calendário tradicional dos bai é baseado no ciclo lunar. Eles celebram diversos festivais, incluindo o Festival do Ano Novo Bai, o Festival das Lanternas e o Festival das Flores.
A “Feira de Março” é outro grande festival dos bai. É comemorado todos os anos no sopé da colina Diancang, a oeste da cidade de Dali. É uma ocasião para competições esportivas e apresentações teatrais. As pessoas se reúnem para curtir bailes, corridas de cavalos e outras brincadeiras.
Em 25 de junho celebram o “Festival da Tocha”. Nesse dia, tochas são acesas por toda parte para inaugurar uma colheita abundante e para atrair boa saúde e fortuna. Flâmulas com palavras auspiciosas são penduradas nas portas e nas entradas das aldeias ao lado das tochas acesas.
Conheça um pouco mais da tradição bai no vídeo abaixo (em mandarim, com legendas em inglês).