O estudante Rodrigo Mann Schaidt, do Rio Grande do Sul, tem apenas 19 anos. Ele conquistou o terceiro lugar em uma olimpíada científica realizada em Tianjin, na China. Seu projeto é uma tecnologia de tradução da Língua Brasileira de Sinais (Libras).
O representante do Brasil e das Américas desenvolveu um software capaz de detectar sinais de Libras e traduzi-los para o português de forma escrita. A ideia já tinha lhe rendido o prêmio na Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec) no ano passado.
“Foi muito boa a sensação de poder ir à China agora e poder representar o nosso país e trazer de volta a medalha”, disse Rodrigo.
A ideia do projeto começou quando ele estava no último ano do estudante no Curso Técnico em Eletrônica da Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, na cidade de Novo Hamburgo. Rodrigo estagiava no local, onde auxiliava m aluno surdo, e percebeu a necessidade de aprender Libras.
“Era muito fácil para eu aprender algumas coisas em Libras e falar coisas para ele. Só que era muito difícil quando ele tentava falar alguma coisa para mim. Perguntas que ele poderia ter, ajudas que ele poderia precisar. Era muito difícil ele sinalizar isso para mim, porque eu não sabia os sinais”, explica.
Com a dificuldade de comunicação, o gaúcho pensou em um software capaz de “traduzir sinais” e colocá-los por escrito. A tecnologia é conhecida como “rede neural” e permite detectar diferentes partes de um corpo e interpreta os sinais realizados. O nome neural é porque isso simula os neurônios humanos.
Os movimentos são captados a 30 quadros por segundo, para detectar exatamente qual o movimento executado pela pessoa.
“Ele [o software] vai pegar todos os sinais que podem ser e vai dizer, assim, qual que ele acha que é o mais provável. Aí ele vai pegar esse mais provável e vai colocar no canto superior esquerdo da tela qual foi o último sinal que foi feito pela pessoa”, descreve Rodrigo.
Por enquanto, apenas cinco sinais diferentes foram treinados com o software, para cumprimentar e despedir. Eles foram escolhidos por conta dos movimentos junto à mão. Em desenvolvimento, deve em breve conseguir detectar um número maior de sinais.
Na China, ele comentou que já havia uma tecnologia de microfone e um alto-falante de tradução, que não se estendem à língua de sinais. Assim, seria a oportunidade para aperfeiçoar a iniciativa, a partir da inclusão.
Com a premiação ele espera conseguir investimentos para dar sequência ao projeto e conseguir treinar o software. São necessários cerca de 60 vídeos de um mesmo sinal, o que demandaria uma aquisição de dados em grande escala.