Os ancestrais dos manchus eram agricultores há mais de 2.000 anos. Eles faziam parte da tribo Nuzhen. Agricultores e pastores, eram conhecidos pela habilidades na luta a cavalo, caça e uso do arco e flecha. Essa tribo invadiu as planícies centrais do norte da China, incluindo a região de Beijing e criou a Dinastia Jin (1115 a 1234 d.C.). Naquela época, eram chamados de jurchens.
Os manchus do nordeste da China desempenharam um papel proeminente na história da China. Eles governaram a China por 230 anos até o estabelecimento da Dinastia Qing (1644–1911). O nome manchu está ligado à sua terra natal, Manchúria, que equivale às modernas províncias de Heilongjiang, Jilin e Liaoning.
Com uma população de mais de 10 milhões, esse grupo étnico minoritário vive principalmente nessas províncias até hoje. Também são o maior grupo étnico minoritário em Pequim, onde vivem cerca de 350.000 manchus.
Os manchus têm escrita e linguagem próprias, que pertencem ao grupo manchu-tungusico, da família de línguas altaicas. Porém, atualmente poucos deles falam essa língua no dia a dia.
Cultura Manchu
Os invernos são rigorosos no noroeste da China. Por esse motivo, os manchus gostam de armazenar e comer muitos vegetais em conserva. Quem visita a região da Manchúria, pode desfrutar de um hotpot típico, cujos ingredientes principais são carne de carneiro, porco e picles. Outros alimentos básicos tradicionais incluem painço, soja, ervilha e milho. Os manchus também gostam de grelhar carne, usam muito molho de soja e fazem comida com sabores fortes.
As casas tradicionais manchu possuem três quartos com o espaço do meio servindo como cozinha. Tradicionalmente, suas camas são feitas de tijolos e aquecidas durante os meses de inverno.
A roupa tradicional do grupo étnico manchu é chamada qipao. Trata-se de uma jaqueta curta de punhos estreitos usada sobre uma veste longa e com um cinto na cintura para facilitar a equitação e a caça. As mulheres passam muito tempo bordando e ornamentando suas vestes: robes longos com mangas largas. Há uma preferência por vestes de seda, herdado da cultura do Império Qing. Os sapatos são geralmente de salto alto.
Na sociedade manchu tradicional, os anciãos tinham prioridade. Os ancestrais e os anciãos da aldeia eram honrados. Durante os festivais, as pessoas realizavam cerimônias de adoração aos ancestrais.
A refeição manchu tradicional favorita consiste de milho cozido no vapor ou bolos de milho glutinoso. As festas são tradicionalmente celebradas com bolinhos de massa e a véspera de Ano Novo, com um guisado de carne. Carne de porco cozida e assada e biscoitos à manchu são consideradas iguarias.
No 13º dia do décimo mês do calendário chinês, alguns manchus celebram o Festival de Banjin. Ele comemora o dia, em 1635, quando o Imperador Huangtaiji anunciou pela primeira vez que eles seriam conhecidos como manchu. Durante o Festival de Banjin, as pessoas se vestem com trajes tradicionais e passam o dia cantando e dançando para celebrar.
Literatura e Artes
O livro “O sonho da Câmara Vermelha”, escrito no século 18 pelo escritor manchu Cao Xueqin é um dos Quatro Grandes Romances Clássicos da cultura chinesa. A história retrata a vida de uma família nobre manchu. O romance oferece uma análise incisiva e exposição de toda a decadência da classe dominante manchu. Ao dissecar a sociedade feudal da China, o autor elevou a expressão literária do país a um patamar sem precedentes.
O povo manchu também contribuiu com muitas obras de importância científica. Entre elas as produções de Shu Li Jing Yun (Essência da Matemática e Física), Li Xiang Kao Cheng (Um Estudo dos Fenômenos Universais) e Huang Yu Quan Lan Tu (Atlas Completo do Império) compilados durante o reinado do Imperador Kang Xi. Também merecem destaques os livros de Qing Wen Qi Meng (Cartilha da Manchúria), Chu Xue Bi Du (Leituras Essenciais para Iniciantes), Xu Zi Zhi Nan (Um Guia para Palavras Funcionais) e Qing Wen Dian Yao (Fundamentos do Manchuriano), obras importantes no estudo da língua manchu.