A etnia tu, com cerca de 250 mil membros, tem uma rica história que se desenrola ao longo de séculos e uma cultura única que continua preservada. Suas origens remontam à dinastia Tang (618-907 d.C.).
Os tu se autodenominam “mongguer” (mongóis) ou “chahan monguer” (mongóis brancos), mostrando suas estreitas relações dos antigos tu e o povo mongol. Lendas populares dizem que seus ancestrais eram soldados mongóis. As tropas mongóis comandadas por Genghis Khan apareceram em Xining (atual capital da província de Qinghai), que exercia jurisdição sobre o condado de Huzhu durante a dinastia Yuan (1271-1368). Eles se casaram com os houers da região que hoje é o condado de Huzhu. Durante sua longa história, os tu tornaram-se um povo distinto, com influências de tribos das etnias han e tibetana.
Originalmente eram pastores nômades das regiões montanhosas e áridas que compreendem as províncias de Qinghai, Gansu e Sichuan. Eles dedicavam-se principalmente à criação de ovelhas. No final da Dinastia Yuan e início da Dinastia Ming (1368-1644), a agricultura se popularizou muito rapidamente entre eles e passaram a ter no cultivo uma forma secundária de subsistência. Desde a fundação da República Popular da China, em 1949, o Condado Autônomo de Huzhu Tu estabeleceu um bom número de empresas industriais e de mineração, onde atualmente trabalham parte dos tu.
Crenças
A espiritualidade desempenha um papel vital na vida dos tu. Eles mantêm uma relação profunda com os elementos da natureza, vendo o mundo espiritual e terreno como partes inseparáveis de um todo. Por isso, seus rituais e crenças estão intrinsecamente ligados ao mundo natural que os envolve. Eles acreditam que a harmonia com a terra e os deuses das montanhas é essencial para garantir uma vida próspera e saudável
A adoração das montanhas é uma parte central de sua prática religiosa. Essas montanhas são consideradas moradas divinas, e os tu as reverenciam como guardiãs de sua cultura e modo de vida. A cada primavera, realizam rituais, expressando gratidão pelo sustento que a terra proporciona.
Cultura e tradições
Os tu são conhecidos por seu talento para cantar e dançar. O Festival Hua’er, um encontro tradicional de canto de baladas, realizado uma vez por ano, reúne milhares de cantores e vindos de toda a região. Outras festas coletivas são o Festival da Primavera e o Festival do Barco Dragão.
O Festival Nadun, também conhecido como “Encontro de Julho”, é muito popular, com duração de quase dois meses. Marcando a comemoração de boas colheitas, inicia em 13 de julho e vai até o começo de setembro, sendo considerado o festival mais duradouro do mundo.
A cultura tu encontra expressão vibrante em formas artísticas que refletem sua profunda conexão com a natureza. A música é uma parte essencial de sua vida, com melodias transmitindo histórias sobre o povo e sua tradição. Instrumentos como a lira e a flauta são muito usados por eles.
A dança é outra forma de comunicação rica em significado. Danças tradicionais dos tu muitas vezes imitam movimentos de animais, homenageando a fauna que os rodeia. Cada passo é uma celebração da diversidade biológica que partilha o espaço com essa etnia singular.
O artesanato tu é uma manifestação tangível de sua identidade. Bordados intrincados, conhecidos como pan – adornam trajes tradicionais, contando histórias de tradições ancestrais e lendas locais. As cores vivas e os padrões elaborados são uma festa visual que reflete a alegria e a resiliência do povo tu.
Preservação da herança cultual
A modernização da China trouxe desafios significativos para todas as etnias do país. Mudanças econômicas e sociais levaram muitos jovens a buscar oportunidades fora de suas terras natais, resultando na diminuição da transmissão intergeracional das tradições.
No entanto, há uma “chama de renovação cultural” entre os tu. Seu legado contribui para a rica tapeçaria da identidade chinesa. Com apoio do governo, são feitos diferentes esforços para preservar e revigorar a cultura tu. Projetos educacionais buscam ensinar a língua e os costumes aos jovens, para que as tradições não se percam. Os festivais continuam populares, celebrando as raízes profundas dos tu e compartilhando-as com o mundo.