Depois do sucesso que foi a mostra em Brasília, a exposição internacional “Atrás da Grande Muralha – Nova Arte Chinesa e Brasileira” continua sua turnê pelo Brasil e chega ao Rio de Janeiro.

Com curadoria do brasileiro Clay D’Paula, as obras estão no Centro Cultural Correios até dia 29 de julho. A entrada é gratuita. Segundo a organização, o objetivo é mostrar ao público a diversidade da arte contemporânea feita na China.

Além das obras de artistas chineses conhecidos, como Xu Haiqiao e Sun Xun, a exposição também reúne obras de artistas brasileiros como Christus Nóbrega e Dulce Schuck Schunck, fazendo dela um  intercâmbio cultural entre os dois países.

Os artistas chineses usam elementos tradicionais de sua própria cultura de diferentes maneiras, como caligrafia, tinta chinesa e relíquias da pintura realista socialista, para criar obras criativas e influentes que focam em questões atuais e globais. O público também encontra obras com linguagens variadas, como escultura; fotografia; azulejaria, arte in situ; animação; e recorte em papel.

O curador explica os trabalhos “traduzem esteticamente a pandemia da Covid-19, as desigualdades da globalização, a fragilidade da matéria, problemas ambientais, a hipocrisia humana e o território estreito e desolador do preconceito”. Conforme Clay D´Paula, que fez diversas viagens à China para reunir as obras expostas no Brasil, elas valorizam técnicas e temas locais e tradicionais, sendo trabalhos inovadores.

O presidente do Ibrachina, Thomas Law, visitou a mostra quando estava em exibição em Brasília e afirmou que “A arte chinesa e brasileira atual é rica e diversa. [a mostra] é para apreciar e refletir sobre o que está acontecendo com a humanidade hoje”.

Artistas chineses e brasileiros juntos

Um dos artistas chineses que contribuem para a exibição é Sun Xun, que oferece três obras inéditas, criadas durante sua viagem ao Brasil, em 2017. Elas utilizam técnicas de xilogravura e tinta da China.

Outros artistas de renome também participaram do projeto, como Angel HUI Hoi Kiu, que se inspirou no glorioso período da porcelana branca e azul, da Dinastia Ming (1368-1644). Em suas pinturas em nanquim, ela traz elementos da vida cotidiana em Hong Kong, retratando seus parques, flora e fauna. Também inova ao desenhar e pintar sobre papel higiênico e lenços para assoar o nariz. “Eu transformo a natureza desses materiais, conferindo propriedades da parte a esses objetos antes utilitários”, explica Kiu.

Um ponto alto da exposição é a relação que alguns artistas brasileiros estabelecem com a cultura chinesa. “Neste projeto, não existe separação entre os dois grupos de artistas. As obras relacionam-se, fluem juntas […] ao criarem novas conexões, suscitam reflexões sobre a sociedade global em que vivemos”, explica o curador

O paraibano Christus Nóbrega, apresenta na exposição sua série “A Roupa Nova do Rei”, de 2016, resultado da residência artística de 60 dias que fez em Beijing, no ano anterior. Também é de sua autoria a série inédita “Coleção vermelha”, de 2021, onde estabelece paralelos entre os povos indígenas do Brasil e da China por meio da cor vermelha.

Outro destaque é a artista gaúcha Dulce Schunck, cujas criações se conectam com narrativas chinesas. Ela apresenta sua série mais celebrada: “Flora do Cerrado” (2012-2021), impregnada pelo vocabulário chinês.

Onde ver:

Centro Cultural Correios – Rua Visconde de Itaboraí, 20, Centro, Rio de Janeiro.

Foto: Cortesia de Dulce Schuck
Compartilhar.