O lago Paranoá, em Brasília, foi o palco da celebração do I Festival do Barco-Dragão, evento realizado pela a Associação Canomama de Saúde, Esporte e Cultura do Distrito Federal e Ascade.

A comemoração do Festival do Barco-Dragão foi realizada em duas partes. A primeira ocorreu na quinta-feira (22), com demonstração de remada no barco-dragão, atividades de meditação e yoga, além de aula de tai chi chuan. Neste sábado (23), foi oferecido um curso básico de barco-dragão e realizada a Regata Participativa da Paz.

Curso básico de barco-dragão

Larissa Lima, coordenadora da Associação Canomama, explica que o grupo fundado em 2016 atualmente reúne 56 mulheres, todas sobreviventes do câncer de mama. Parte delas fez mastectomia em uma ou nas duas mamas.

Ela reforça que estudos científicos conduzidos pelo médico desportista canadense Dr. Don Mackenzie, da Universidade de British Columbia, comprovam que existem benefícios práticos no exercício dos membros superiores. Eles melhoram o fluxo linfático e previne o desenvolvimento de linfedema, inchaço nos tecidos do organismo causando restrição dos movimentos.

Desde sua criação, a Associação Canomama sonhava em ter seu próprio barco dragão. Com esforço de seus membros e apoio da embaixada da China, conseguiu adquiri-lo em 2022. O barco-dragão do Canomama mede 14 metros e pesa aproximadamente 250 quilos. Ele comporta 20 remadoras, uma tamborista e um lemista. Larissa é a capitã do time, dando os comandos. O tempo todo o grupo é guiado pela lemista e mantém as remadas seguem o ritmo do tambor tocado pela pessoa que fica sentada na proa.

Segundo Larria, o barco tem um grande significado para as mulheres que venceram o câncer. “Na mitologia chinesa o dragão remete à força do renascimento e da criação, lealdade, beleza, coragem, e nobreza. E são justamente esses valores da cultura chinesa que nos ajudam na recuperação porque trazem um poder e nos tornam capazes de enfrentar nossos problemas com mais alegria e amor”, explica.

A Associação está aberta para receber todas as mulheres que venceram o câncer e podem fazer atividade física. O objetivo da prática esportiva é permitir vivências com foco na manutenção da qualidade de vida e na prevenção de doenças.

Barco-dragão do Canomama foi adquirido com apoio da embaixada

A Canomama já participou de várias competições nacionais e internacionais. Em outubro de  2022 promoveu o 1º Festival de Dragon Boat de Mulheres Sobreviventes do Câncer de Mama e o 1º Encontro Nacional de Remadoras Rosas em Brasília. O evento, realizado com patrocínio da embaixada da China, reuniu 350 mulheres de sete países no Clube Ascade, em Brasília.

As remadoras brasileiras também estiveram no Festival Internacional de Dragon Boat, na Itália e no Encontro Latino-Americano em Neuquén, Argentina. O mais recente foi o Pan-americano de Dragon Boat 2023, no Panamá, onde as brasileiras conquistaram uma medalha de prata (categorista 200 m) e bronze (categoria 500 m).

O que é o Festival do Barco-Dragão

Comemorado anualmente no quinto dia do quinto mês lunar no calendário chinês, o Festival do Barco-Dragão este ano caiu em 22 de junho.

São mais de 2.000 anos de tradição em celebração à lenda do poeta chinês Qu Yuan. Ele foi um poeta e filósofo chinês e também ministro no estado de Chu, na China antiga, exilado erroneamente pelo rei que o acusou de ser um traidor.

O fim de Qu Yuan foi trágico: ele cometeu suicídio por afogamento no rio Miluo, na província de Hunan. A população remou pelo rio procurando por seu corpo, mas não o encontrou.

A tradição diz que eles remaram seus barcos para cima e para baixo no rio, batendo tambores alto para assustar os espíritos da água. E jogaram bolinhos de arroz para manter os peixes e os espíritos da água longe do corpo de Qu Yuan.

A partir dessa história é que surgiram os principais pontos do festival, que consiste em uma corrida de barcos com cabeças de dragão que cortam o rio em alta velocidade.

Além disso, os participantes jogam zongzi (bolinhas de arroz) no rio fazendo oferendas ao espírito de Qu Yuan. Comidas tipicamente chinesas e vinho também são servidos durante o festival, um feriado na China.

Dada à importância do festival, em 2009 a UNESCO o incluiu na lista representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

 

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