Com mais de 9 milhões de pessoas, os hui são uma das minorias étnicas mais expressivas da China. Habitam principalmente o noroeste da China, nas Regiões Autônomas Hui de Ningxia e Uigur de Xinjiang, além das províncias de Gansu, Qinghai, Henan, Hebei, Shandong e Yunnan
A história dos hui remonta à dinastia Song do Norte (960-1127), onde o termo “huihui” apareceu pela primeira vez na literatura. Referia-se ao povo huihe (os uigur) que vivia em Anxi, atual Xinjiang, e em seus arredores desde a dinastia Tang (618-907). Apesar do mesmo nome, eles são diferentes dos hui que vivem em solo chinês hoje em dia, que somente adotaram essa denominação durante a Dinastia Ming (1368-1644).
Em princípios do século XIII, imigrantes procedentes da Ásia Central, das regiões persas e árabes chegaram ao noroeste chinês para fugir da guerra, conviviam e mesclavam-se gradualmente com os hans, uigures, mongóis através de matrimônio e crenças religiosas, de modo que se formou uma etnia distinta. Na sua maioria eram artesãos, comerciantes e criadores de gado, se espalharam por várias partes do território chinês.
Além disso, durante o século VII, os árabes e persas muçulmanos foram para a China fazer negócios e se estabeleceram em cidades como Guangzhou, Quanzhou, Hangzhou, Yangzhou e Chang’an (atual Xi’an). Durante a dinastia Yuan (1271-1368), eles se reuniram aos huihuis originais, que estavam chegando em grande número à China da Ásia Central.
O povo hui de hoje é, portanto, um grupo étnico que se formou do encontro desses povos asiáticos e incorporaram pessoas de outros grupos étnicos, como han, mongol e uigur.
Apesar de estar dispersos, eles se mantiveram relativamente concentrados em assentamentos e ao redor de mesquitas que construíram. Isso se tornou uma característica específica da distribuição da população hui na China. Portanto, fica evidente que a religião islâmica é um dos principais determinantes para sua cultura.
Muitos hui falam o dungan, uma variedade do chinês popular na Região Autônoma Uighur de Xīnjiāng e nas Regiões Autônomas de Gānsù, Qīnghăi e Níngxìa Hui.
Os artesãos de Hui eram famosos por sua habilidade na fabricação de incenso, remédios, couro e canhões, bem como na mineração e fundição de minério. Os comerciantes hui desempenharam um papel positivo nas trocas econômicas entre o interior e as regiões fronteiriças e nos contatos comerciais entre a China e outros países asiáticos. Os estudiosos e cientistas de Hui fizeram contribuições notáveis para a China ao introduzir e divulgar as conquistas da Ásia Ocidental em astronomia, calendários, medicina e uma série de outros desenvolvimentos acadêmicos e culturais. Eles ajudaram a promover o bem-estar e as atividades produtivas do povo da China como um todo.
Religião
A religião islâmica teve uma profunda influência no estilo de vida do povo Hui. Por exemplo, logo após o nascimento, uma criança deveria receber um nome hui de um ahung (imã); as cerimônias de casamento devem ser testemunhadas por ahungs; uma pessoa falecida deve ser limpa com água, envolta em um pano branco e enterrada sem caixão e prontamente na presença de um ahung que serve como presidente.
Os homens costumam um chapéu sem aba, especialmente durante os serviços religiosos, enquanto as mulheres cobrem-se com lenços pretos, brancos ou verdes. Os hui nunca comem carne de porco e se recusam a ingerir álcool, práticas estabelecidas no Alcorão, livro de fé dos muçulmanos. Como mantêm hábitos especiais de alimentação, é comum ver-se restaurantes e lojas com tabuletas em que se lê “huis” ou “qing zhen” (muçulmano).
O islamismo também teve grande impacto nos sistemas políticos e econômicos da sociedade hui. A “Jiaofang” ou “comunidade religiosa” era tanto um sistema religioso quanto um sistema econômico do povo hui. De acordo com esse sistema, uma mesquita deveria ser construída em cada local habitado pelos hui. Um imã era convidado para presidir os assuntos religiosos da comunidade e cobrar deles os impostos, inclusive os religiosos.
A mesquita funcionava tanto como um local para atividades religiosas quanto para ser um ponto de encontro onde o público se reunia para discutir assuntos de interesse comum. As comunidades religiosas tornaram-se assim as unidades sociais básicas para o povo hui antigo.