A arqueologia mostra que a cerâmica é um dos materiais mais antigo que acompanha o ser humano. Atualmente, o Brasil é um dos principais protagonistas mundiais no mercado de revestimentos cerâmicos e louças sanitárias, sendo o terceiro maior produtor, o terceiro maior mercado consumidor e o sexto no ranking das exportações, com vendas para mais de 110 países. O segmento produtivo representa 6% do PIB da indústria de materiais de construção.
O que muitos talvez não saibam é que a produção de cerâmica como a conhecemos nasceu na China, provavelmente no III milênio a.C. Conforme apontam estudiosos, os primeiros artefatos cerâmicos chineses foram criados por necessidades práticas, para servir como utensílios domésticos e ferramentas agrícolas. Esses objetos rudimentares, inicialmente moldados à mão, marcaram o início de uma tradição que evoluiria ao longo dos séculos e chegaria forte até o hoje.
Com milhares de anos de tradição na produção de peças com cerâmica, a China até hoje é uma referência na produção de objetos de cerâmica, desde produtos para o dia a dia até peças artesanais de alto valor comercial.
Domínio da técnica do esmalte
À medida que a civilização chinesa progredia, os artesãos começaram a aprimorar suas habilidades e técnicas na produção de cerâmica. Um dos avanços mais significativos foi a introdução do esmalte, uma mistura de minerais que, quando aplicada à cerâmica e submetida a altas temperaturas, cria uma camada brilhante e colorida. Essa técnica não apenas aumentou a durabilidade dos objetos, mas também elevou a estética das peças, tornando-as verdadeiras obras de arte.
O segredo da excelência chinesa na cerâmica
A habilidade dos ceramistas chineses em aprimorar suas técnicas ao longo dos séculos é um testemunho da engenhosidade e da dedicação à arte. Fornos aprimorados, controle preciso de temperatura e esmaltes inovadores foram alguns dos segredos por trás da excelência da cerâmica chinesa. A tradição de guardar cuidadosamente os métodos de produção, muitas vezes transmitidos apenas de mestre para aprendiz, contribuiu para a singularidade e a qualidade duradoura das peças chinesas.
Além do seu valor artístico, a cerâmica teve um impacto significativo na cultura e na economia chinesas ao longo dos séculos. Os objetos cerâmicos não eram apenas itens de decoração, mas desempenhavam papéis práticos no cotidiano das pessoas, desde a preparação de alimentos até cerimônias religiosas. O comércio de cerâmica contribuiu para o florescimento econômico de muitas regiões da China e promoveu intercâmbios culturais com outras civilizações.
Mudanças conforme a dinastia
Essa forma de arte se fortaleceu na dinastia Han (206 a.C. – 220 d.C.), com o uso da cerâmica cozida e vitrificada, além do uso de barro branco para a produção de peças diversas.
Durante a dinastia Tang (618 – 907 d.C.), a cerâmica chinesa experimentou sua “era dourada”. Os artesãos refinaram as técnicas de produção, criando peças mais complexas e artisticamente elaboradas.
A estruturação da Rota da Seda desempenhou um papel crucial na difusão dessas obras para além das fronteiras chinesas, conectando o Oriente e o Ocidente por meio do comércio. Jarros, tigelas e outros artefatos de cerâmica chinesa tornaram-se desejados em todo o mundo conhecido.
Já na dinastia Song (960-1279 d.C.) testemunhou-se o surgimento da porcelana, material conhecido por sua translucidez, leveza e durabilidade. A introdução da porcelana é possivelmente o capítulo mais proeminente na história da cerâmica chinesa. A descoberta do caulim, um tipo específico de argila, permitiu a produção de peças mais finas e elegantes, mudando a maneira como a cerâmica era produzida na China.
Ao longo dos anos, os processos foram se modificando, acompanhando as transformações sociais que aconteciam na China, como o uso do pigmento azul durante a Dinastia Yuan (1279-1368), quando os mestres ceramistas chineses descobriram o óxido de cobalto com os persas.
Aplicado na porcelana branca e em seguida cozido a 1200º C, o cobalto resultava em um lindo tom de azul, que ficava mais forte ou mais fraco de acordo com as pinceladas. Já na dinastia Ming, as louças brancas e azuis se tornaram muito famosas.
O azul era uma das cores favoritas dos persas por simbolizar a água – “o tesouro do deserto”. Estava criada a porcelana decorativa azul e branca, um clássico que conquistaria o mundo. Após popularizar-se na Europa, chegou às colônias do Velho Continente como o Brasil.
Durante a Dinastia Qing (1644 a 1912) foi a vez dos esmaltes da “família verde” e a “família rosa” no reinado de Youngzheng.