A minoria étnica xibe, com uma população de 188.824 pessoas, vive no norte da China. Qapqal, localizado na Região Autônoma Uigur de Xinjiang, é o único distrito autônomo da etnia xibe no país. Há grupos menores vivendo nas províncias de Jilin e Liaoning.
Duzentos anos atrás, os xibes se deslocaram do nordeste da China para Xinjiang. Lá, até hoje mantém seus costumes e folclores. Eles desenvolveram características próprias ao longo do tempo. Seus hábitos alimentares, vestimenta e estilo de vida são semelhantes aos dos povos han e manchu.
História
Os xibes acreditam ser descendentes do antigo povo xianbei e existem muitas versões sobre a origem deste grupo étnico. Xianbei era um ramo do grupo étnico donghu no norte da China. Eles viviam como nômades nas vastas áreas entre as encostas orientais das Grandes Montanhas Xinggan, no nordeste da China. Subsistiam da pesca e da caça.
Em 89 d.C., os xiongnus do norte foram derrotados pelas tropas da Dinastia Han e mudaram-se para o oeste. Entre os anos 158 e 167 fizeram uma poderosa aliança tribal sob o comando do chefe Tan Shihuai. Porém, pela convivência com os han receberam influências e absorveram costumes e aprenderam a falar mandarim.
Em meados do século XVIII, os governantes da Dinastia Qing transferiram os xibes e outras minorias étnicas para o que hoje é a província de Xinjiang. Eles deveriam reforçar as defesas da fronteira noroeste. As dificuldades de vida naquela região reduziram drasticamente a população originalmente pequena de xibes.
Apesar de dificuldades causadas pelo clima frio, como a dificuldade de cultivo, o povo xibe conseguiu, em 1802, abrir em meio às montanhas um canal de irrigação de 200 km para extrair água do rio Ili. Com a conclusão deste projeto, várias comunidades xibe instalaram-se ao longo do canal.
Tradição e costumes
Vivendo em comunidades compactas, os xibes preservaram seu idioma escrito, que pertence ao ramo manchu-tungúsico da família de línguas altaicas. Atualmente, todos eles falam e escrevem mandarim. Porém, a escrita xibe continua reconhecida como idioma oficial pelos órgãos governamentais.
A alimentação dessa etnia baseia-se em arroz e farinha. Há xibes criadores de gado e de ovelhas, que consomem muitos derivados de leite e carne. Os xibes gostam de caçar e pescar e curam peixes para usá-los como alimento no inverno.
Para os xibes, um dos momentos mais importantes é o da Festa Xiqian, que significa “Mudança para o Oeste”. Em 1764, cerca de 4 mil militares xibes se mudaram e acamparam em Xinjiang, para desbravar as charnecas por ordem do imperador Qian Long, da dinastia Qing. Para lembrar o espírito patriótico e corajoso dos antecessores, o dia da partida foi estabelecido como um festival.
No Festival Xiqian, os xibes costumam realizar uma variedade de atividades esportivas e recreativas, como luta, dança, canto, arco e flecha, entre outras.
Mantendo a tradição, o povo da etnia xibe sempre dominou a montaria a cavalo e o uso do ‘arco de chifre”, um símbolo de bravura e sabedoria, faz parte da cultura tradicional deles. Estima-se que demore cerca de um ano para fazer um arco desses, que envolve trabalho árduo e domínio de técnicas específicas.
O povo Xibe sempre foi mais desenvolvido educacionalmente. Muitos intelectuais xibe conhecem diversas línguas e trabalham como professores, tradutores e editores. Passeios a cavalo e tiro com arco são dois esportes preferidos dessa etnia.
Uma curiosidade sobre os xibe é a prática de “pinturas 3D nos arrozais”. Eles chamaram a atenção recentemente no distrito de Xinglong Thai, em Shenyang, capital da Província de Liaoning, nordeste da China.
A tradição xibe é criar pinturas nos arrozais com desenhos pré-concebidos, as imagens surgem a partir do plantio de três variedades de arroz, com ervas de cores diferentes, a fim de criar pinturas de estilos plano, tridimensional, perfurado e linear. Eles acreditam que isso é uma forma de oração para atrair os favores divinos.
Veja algumas dessas pinturas AQUI.