Foto de capa: Andrea Rego Barros/PCR/Via Fotos Públicas
 

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O Brasil ultrapassou ontem a barreira das mil mortes pelo novo coronavírus. A marca foi atingida apenas 24 dias após o primeiro registro de óbito pela doença no país. O número mais que dobrou desde a semana passada. O novo total coloca o Brasil em 11º lugar no ranking mundial de total de mortos, de acordo com o monitoramento da Universidade John Hopkins. Os EUA lideram a classificação: o governo estadunidense divulgou hoje que 18.860 pacientes morreram em decorrência da COVID-19, e que quase 525 mil pessoas já foram infectadas.

De acordo com cientistas, o número de mortos está acima do esperado para a curva de infecção no país. Apesar dos dados assustadores, a velocidade do aumento diário de mortes não é considerada explosiva e a curva de mortes do Brasil ainda é menos acentuada se comparada a de outros países. Mas deve-se levar em consideração que a ausência de um sistema adequado de testagem de pacientes pode alterar para baixo o total de registros.

De acordo com o novo boletim oficial emitido pelo Ministério da Saúde na tarde de hoje, o Brasil possui 20.727 pessoas infectadas e 1.124 mortes em decorrência da COVID-19. Segundo as investigações feitas pela Pasta, cerca de 80% dos óbitos no país são de pessoas com mais de 60 anos. Os pesquisadores alertam para a necessidade de intensificação de medidas restritivas em regiões com alta concentração de idosos.

Médicos epidemiologistas, virologistas e infectologistas avaliam que a cidade de São Paulo já dá sinais de necessidade de medidas mais drásticas de isolamento social para conter a pandemia do novo coronavírus. No entanto, eles afirmam que faltam dados mais concretos sobre a real dimensão da crise e questionam se o endurecimento deve ser estendido igualmente e ao mesmo tempo a todo o Estado, já que há cidades com poucos ou nenhum caso da doença. De modo geral, os especialistas apoiam o endurecimento de medidas para dissipar aglomerações, como o uso de força policial cogitado pelo governador João Doria.

A ONG Human Rights Watch fez duras críticas à atuação do presidente Jair Bolsonaro na epidemia do novo coronavírus e afirmou que “além de agir de forma irresponsável, o presidente está colocando os brasileiros em grave perigo”. As afirmações constam em um relatório publicado hoje pela organização. Para José Miguel Vivanco, diretor da divisão das Américas da Human Rights Watch, Bolsonaro tem “sabotado” os esforços dos governadores e do seu próprio Ministério da Saúde para conter a disseminação da COVID-19.

Em uma videoconferência realizada ontem com jornalistas brasileiros, o porta-voz da Embaixada da China no Brasil, o ministro-conselheiro Qu Yuhui disse que a relação entre os dois países não será facilmente abalada por “um ou dois indivíduos irresponsáveis”, se referindo ao deputado federal Eduardo Bolsonaro e ao ministro da Educação, Abraham Weintraub. Yuhui afirmou que esse tipo de declaração não favorece o ambiente de negócios e de cooperação, e reforçou que a China segue sem compreender a razão dos comentários.

Além das declarações sobre os incidentes diplomáticos, o ministro-conselheiro chinês revelou que a China ofereceu enviar médicos ao Brasil para ajudar no combate à pandemia. De acordo com a coluna de Mônica Bergamo, no jornal Folha de S.Paulo, o Ministério da Saúde disse que ainda não tem tal perspectiva e continua a insistir em ajuda para importar equipamentos.

O governador da Bahia Rui Costa declarou ontem o recebimento de 60 mil novos testes chineses para o diagnóstico da COVID-19. O material foi adquirido com recursos do Estado e será usado no Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen).

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