Foto de capa: Ricardo Moraes/Reuters
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Uma das maiores favelas de São Paulo virou exemplo em ações que podem conter o avanço do novo coronavírus. A comunidade se organizou para tentar saber com rapidez quem tem sintomas da doença, quem precisa de ajuda e qual a situação na casa de cada família que mora no local. Um grupo de 420 moradores formou a presidência da rua, e cada um é responsável por monitorar cerca de 50 casas. A rede identificou quais são os moradores que perderam renda por causa da pandemia e estão mais necessitados. Para essas pessoas, voluntários preparam marmitas todos os dias. Há projetos de capacitação de pessoas que prestam serviço à comunidade, com apoio de empresas.
Um estudo publicado por um professor de economia do Instituto de Ensino e Pesquisa Insper afirma que a crise tripla instaurada no mundo todo, nos segmentos comportamental, sanitário e econômico, começa a refletir no Brasil. Em sua avaliação sobre as respostas dadas à pandemia, Thomas Conti avalia que o país poderia ter aproveitado a vantagem de o vírus ter se originado na Ásia para se preparar melhor, mas pecou em um ponto-chave: a comunicação honesta com a população. O professor reforçou a urgência de um alinhamento de discurso entre os governantes e destacou que as consequências no futuro dependem das decisões tomadas agora.
Segundo projeção do Banco Mundial anunciada hoje, o PIB brasileiro deve cair 5% neste ano por causa dos efeitos da epidemia na economia. Entre os que apresentariam queda mais intensa de atividade econômica neste ano estão México, Argentina e Equador, além do Brasil. Entretanto, o Banco Mundial afirma que as estimativas podem mudar diariamente a depender da evolução da crise mundial. Para 2021, a previsão atual estima alta de 1,5% para o PIB brasileiro.
Um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas aponta que a crise da COVID-19 deixará 12,6 milhões de pessoas desempregadas no Brasil, elevando a taxa a 23,8%. O nível atual é de 11,6%. Os pesquisadores também disseram que a situação provocará a contração recorde de até 15% na renda dos trabalhadores. O levantamento afirma ainda que o prejuízo atingirá o máximo previsto caso o governo não amplie os programas de transferência de renda e de ajuda a empresas para evitar demissões em massa.
A COVID-19 tem se mostrado mais letal entre negros do que entre brancos, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde. Pretos e pardos representam quase 1 em cada 3 entre os mortos pela doença, apesar de estarem em menor número entre os registros de infectados. Com os brancos, ocorre o contrário: estão em maioria entre os hospitalizados com o vírus, mas são minoritários entre os mortos. De acordo com especialistas, esses dados refletem a 1ª onda de contaminados pelo novo coronavírus no Brasil: pessoas de alto poder aquisitivo, que viajaram para fora do país e voltaram infectados.
O novo balanço do Ministério divulgado hoje aponta que o Brasil possui 22.169 pessoas infectadas e 1.223 óbitos em todo o território nacional. A taxa de letalidade também subiu, para 5,5%.
Profissionais da rede pública de Saúde do Rio de Janeiro afirmam que estão sem equipamentos de proteção adequados para tratar dos pacientes diagnosticados com a COVID-19. Em um dos casos divulgados pela imprensa, um profissional de saúde teve que usar um saco plástico por baixo do capote para garantir a impermeabilidade do material em uma UTI. Ainda segundo as denúncias, médicos e enfermeiros de algumas entidades receberam equipamentos de proteção individual que não são adequados para todos os atendimentos. O Estado do Rio de Janeiro tem hoje mais de 2.800 casos confirmados e 170 mortes.
A Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo afirmou ontem que pretende zerar a demanda reprimida de testes para coronavírus que aguardam resultado em duas semanas. O governo diz que, para analisar a demanda reprimida de testes, formou uma rede de 45 laboratórios públicos e privados que, quando estiver em plena capacidade, poderá analisar 8 mil amostras por dia. A rede está sendo coordenada pelo Instituto Butantã.
Após a prorrogação da quarentena em SP decretada pelo governador João Doria, manifestantes ocuparam ruas da capital paulista com seus carros para protestar contra as medidas de isolamento social. O protesto foi convocado pelo WhatsApp e começou em frente ao Ginásio do Ibirapuera, local que irá abrigar o terceiro hospital de campanha da cidade e seguiu até a Avenida Paulista. Em determinado momento, o grupo chegou a bloquear a passagens de ambulâncias pela via. A manifestação foi exaltada pelo presidente Jair Bolsonaro, que descreveu o ato como uma reação ao desemprego.
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