Foto de capa: Claudio Furlan/LAPRESSE/AP

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Depois de sofrer diversos revezes na silenciosa disputa mundial por insumos utilizados no combate à pandemia de COVID-19, os governos federal e estaduais, a Justiça e o Congresso recorreram à proibição de exportação de dezenas de itens produzidos no país, a malabarismos logísticos para trazer o que foi comprado no exterior e a isenção de impostos para facilitar a importação. 

Remédios, respiradores, equipamentos de proteção individual e insumos em geral foram bloqueados e não podem ser enviados livremente para outros países enquanto durar a crise. Ao mesmo tempo, a Anvisa simplificou nesta semana os procedimentos para registro e autorização de uso de novos equipamentos de saúde prioritários no combate a COVID-19.

O Ministério da Saúde processou mais de 132 mil testes moleculares para detectar o novo coronavírus, o equivalente a 0,06% da população. O número é uma parcela das 259 mil amostras respiratórias já enviadas aos Laboratórios Centrais de Saúde Pública até 20/4.

Entre os 127 mil restantes, 56 mil estão em análise, 31 mil em trânsito para o laboratório, e 40 mil são consideradas não realizadas por não conformidade, o que pode significar que o material era insuficiente ou estava danificado. Segundo o governo, mais de 451 mil testes deste modelo tinham sido distribuídos aos Estados até 16/4.

Até a última sexta-feira (24/4), o Ministério entregou somente 350 dos 2 mil leitos de UTI prometidos para o enfrentamento da pandemia. O número representa 17,5% do total. O compromisso de entrega foi feito no mês passado, antes da demissão do agora ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. Segundo a Pasta, “a escassez de respiradores no cenário internacional” é o motivo para a demora, e afirma ainda que um dos editais para compra do material não teve empresas interessadas por causa da falta de respiradores no mercado.

A maioria dos deputados da Câmara já apoia a destinação dos R$ 2 bilhões reservados ao custeio das eleições municipais deste ano para ações de combate à crise causada pelo novo coronavírus. Pelo menos 264 parlamentares afirmam que votariam a favor de um projeto que alterasse a finalidade do fundo eleitoral diante da situação de emergência. 

A menos de 6 meses para o primeiro turno das eleições, marcado para 4/10, o adiamento do pleito não está definido. No Congresso, não há um debate oficial sobre a questão. Já a proposta de transferir recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha para a Saúde, que depende de maioria simples para ser aprovada, é objeto de 11 projetos de lei, apresentados desde março.

 

Cariocas infectados por coronavírus aguardam vagas em UTIs do RJ 

 

Em todo o estado do Rio de Janeiro, 776 pacientes que estão nas emergências dos hospitais aguardam leitos. Ontem, 339 pacientes esperavam transferências para UTI – a maioria com sintomas de COVID-19. Não existem praticamente mais vagas de UTI na rede do SUS para pacientes infectados pelo vírus. A situação é grave também nos postos de saúde e nas clínicas de família, unidades básicas que não têm estrutura para esse tipo de atendimento.

Em meio à pandemia, a ONG carioca Ronda Urbana de Amigos Solidários – RUAS incentiva a distribuição de alimentos e itens de higiene para pessoas sem moradia. A campanha promovida pelo grupo, que atua há 5 anos no Rio de Janeiro, também incentiva vizinhos das “caixas” a doar e a mantê-las cheias, como forma de conter a propagação do vírus. A iniciativa já chegou ao Espírito Santo e a São Paulo.

 

São Paulo registrou primeira morte de um bebê por COVID-19

 

O estado de São Paulo, epicentro da epidemia de coronavírus no Brasil, confirmou ontem 1.667 mortes pelo coronavírus. Já há pelo menos um óbito em 128 municípios, ou seja, em 1 a cada 5 cidades. A capital confirmou a morte de um bebê com 7 meses de vida, com comorbidades. Este é o primeiro caso de óbito em criança com menos de um ano de idade.

A capital paulista tem registrado um número crescente de pessoas que morrem em casa vítimas do novo coronavírus. Entre os dias 10 e 20/4, o Samu emitiu 20 atestados de óbito para moradores da capital que faleceram em seus domicílios com sintomas claros da doença. Todos foram testados, mas alguns resultados ainda não ficaram prontos.

Com o aumento das mortes domiciliares e a obrigatoriedade de o Samu declarar o óbito e preparar o corpo para ser recolhido pelo serviço funerário, o serviço de atendimento de emergência, que já enfrentava problemas há anos, ficou ainda mais sobrecarregado. O Samu de São Paulo atende em média 600 casos por dia. Pelas estimativas do diretor médico do serviço, pelo menos 70% desses atendimentos agora estão diretamente relacionados ao vírus.

Em meio à crise, algumas iniciativas trazem um alívio para a quarentena. Os museus paulistas estão disponibilizando exposições e acervos virtuais, como parte de uma campanha organizada pela Secretaria da Cultura e Economia de São Paulo. A ação tem o objetivo de disponibilizar shows de música, concertos, visitas virtuais a museus, palestras, bate-papos, livros, filmes, espetáculos e palestras, como forma de estimular a prática do distanciamento social na cidade e em outros Estados. 

Além dos conteúdos já produzidos, as instituições se mantêm ativas no mundo virtual por meio da criação de novos conteúdos educativos, culturais e criativos, que são disponibilizados em suas redes sociais e plataformas digitais. Desta forma, o público consegue se manter interativo, ainda que à distância.

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Calculadora de pressão assistencial por Estado - A calculadora permite estimar a pressão assistencial esperada em função de incremento de necessidade de internações pelo COVID-19. Todos os parâmetros abaixo podem ser ajustados para melhor refletir a sua realidade local. Uma vez ajustados a simulação considera os novos parâmetros escolhidos para estimar a taxa de ocupação de leitos em cada município
Gráfico do Ministério da Saúde de casos acumulados de pessoas infectadas e óbitos

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