Foto de capa: Lukasz Gagulski/EPA

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Os Estados Unidos anunciaram um fundo de apoio econômico de US$ 950 mil dólares ao Brasil, o que equivale a cerca R$ 5,2 milhões, para ações de combate aos efeitos da pandemia do novo coronavírus no país. Em nota divulgada ontem, a embaixada dos EUA informou que o valor é “para incentivar investimentos do setor privado na mitigação dos impactos da COVID-19 nas populações vulneráveis, não relacionados à saúde, com foco na região amazônica”. A embaixada ainda afirmou que “graças à generosidade do povo e da ação do governo norte-americano, os Estados Unidos continuam a demonstrar liderança global diante da pandemia da doença”. 

Em comparação a outros países, o Brasil tem a maior taxa de transmissão da doença, está entre os que menos fazem testes e registra a 8ª maior taxa de mortes. Do ponto de vista econômico, deve ter um dos menores crescimentos do PIB no ano que vem. Os apontamentos vêm de um estudo da BBC News Brasil sobre a situação do país no cenário internacional a partir de cinco dados: taxa de espalhamento da doença, taxa de morte por 1 milhão de habitantes, taxa de teste por mil habitantes, o número de dias que leva para dobrar o total de casos registrados e a previsão do PIB (soma de todas as riquezas produzidas) em 2020 e 2021.

Até dezembro de 2019, quando começou o surto de COVID-19 na região de Wuhan, na China, os principais órgãos da Esplanada dos Ministérios que fariam frente à doença não possuíam um Plano de Contingência nacional atualizado sobre a chegada de um novo coronavírus ao Brasil. 

Segundo especialistas, um Plano de Contingência obviamente não teria capacidade de antever detalhes como a velocidade de contágio da atual pandemia e o número de vítimas, mas poderia deixar estabelecidos, por exemplo, os diferentes níveis de decisão sobre as estratégias de enfrentamento à doença. Ou indicar uma preocupação sobre a capacidade de atendimento das UTIs.

O documento também poderia ajudar a arrefecer as dúvidas que vêm sendo levantadas pelo presidente Jair Bolsonaro sobre governadores e prefeitos. A disputa sobre competências suscitada por Bolsonaro teve que ser decidida pelo STF em plena pandemia.

O Brasil ultrapassou ontem a marca de 91 mil casos confirmados em território nacional. Em 24h, foram registrados no país 6.209 casos, um aumento de 7% em relação ao total de notificações do dia anterior. O total de óbitos também teve aumento, passando dos 6.300. O número de recuperados é de pouco mais de 38 mil, cerca de 41,5% do total de infectados.

De acordo com um novo levantamento do Imperial College de Londres, o Brasil pode chegar a 9,7 mil óbitos até o próximo domingo por causa do novo coronavírus. De acordo com a instituição, o país tem a pior situação no mundo, com o número de casos “em provável crescimento” e um alto registro de óbitos. Numa previsão menos pessimista, os cientistas previam 5,6 mil óbitos até o fim desta semana no Brasil – marca que já foi ultrapassada.

São Paulo segue como o epicentro da pandemia no país, com mais de 30 mil casos e 2.500 mortes. O Estado também concentra mais da metade dos estudos sobre o vírus no Brasil. Das 190 pesquisas aprovadas pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa até ontem, 91 são coordenadas por instituições paulistas, como os hospitais das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Sírio-Libanês, Israelita Albert Einstein e Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul aparecem na segunda colocação, com 18 cada.

Apesar do aumento diário no número de casos confirmados e de mortes por causa do novo coronavírus, parte da população carioca decidiu ignorar as regras de isolamento e foi à praia. A movimentação no calçadão junto às praias da zona oeste e sul do Rio foi intensa no final da manhã. E, na Barra da Tijuca e no Recreio, até mesmo famílias foram flagradas na areia. O Rio de Janeiro é o segundo Estado mais afetado no Brasil, contabilizando mais de 10 mil pessoas infectadas e quase mil mortos. 

A capital fluminense já enfrenta escassez de leitos na maioria dos hospitais para pacientes com a COVID-19. Uma comissão de saúde esteve em quatro hospitais da capital para vistoriar os leitos impedidos – isto é, que não podem ser usados por falta de profissionais, insumos ou avarias. Em todas as unidades, o cenário se repete: leitos vazios, sem uso, enquanto milhares de pacientes aguardam em agonia para ocupá-los. De acordo com a comissão, há 1.840 nesta condição, distribuídos nos 27 grandes hospitais públicos e Coordenadorias de Emergência Regionais da cidade.

A Secretaria Estadual de Saúde e o Conselho Regional de Medicina já estudam critérios para escolher quais doentes vão ter direito a uma vaga na UTI. Diante do impasse, os médicos teriam que analisar seis órgãos dos pacientes com COVID-19, como pulmão, rins, coração, e depois atribuir notas ao funcionamento deles. Doenças preexistentes também seriam pontuadas. Ganharia a vaga, quem tivesse menos pontos. Um dos critérios de desempate seria a idade: quanto mais jovem, mais chances.

 

Ceará aprova lei anti-fake news

O governo do Ceará sancionou uma lei que impõe multa de até R$2 mil a quem espalhar propositalmente fake news sobre a pandemia nas redes sociais. A medida foi anunciada nesta semana pelo Governador do Estado, Camilo Santana, junto com outras ações de combate ao coronavírus. Entre elas está a adição de mais 18 leitos no Hospital Leonardo Da Vinci, o recebimento de novos respiradores e o lançamento da agência de checagem de dados e notícias Antifake CE. 

 

EUA aprovam o uso do remédio remdesivir para pacientes com coronavírus

O presidente estadunidense Donald Trump, afirmou que a Administração de Alimentos e Medicamentos do país autorizou o uso emergencial do antiviral experimental remdesivir para o tratamento de pacientes da COVID-19. Este é um dos remédios mais promissores na luta contra a doença causada pelo coronavírus. 

O presidente realizou o anúncio em um pronunciamento no Salão Oval ao lado de Daniel O’Day, executivo-chefe da farmacêutica norte-americana Gilead, fabricante do remdesivir. O Governo afirma que está trabalhando para que o medicamento esteja à disposição dos pacientes o quanto antes, e a empresa anunciou que doará um milhão de doses do remédio.

 

Fake news sobre moeda digital chinesa circula nas redes sociais

Circula pelas redes sociais um texto que afirma que a bolsa de valores chinesa teria deixado de considerar o dólar como a moeda reserva nas transações de seu sistema financeiro, passando a usar o yuan (moeda oficial do país). A notícia causou preocupação no mercado financeiro, mas alguns portais de notícia pelo mundo já esclareceram o fato e informam que se trata de mais uma fake news.

O texto em circulação cita uma matéria do jornal “The Guardian” sobre a nova moeda digital chinesa e-RMB afirmando que seria uma alternativa ao sistema de liquidação do dólar. Esse projeto existe desde 2014, como noticiou o Financial Times em novembro do ano passado, e foi criado com o objetivo de facilitar as transações – e não substituir o estoque da moeda estadunidense. De acordo com Vagner Alves, economista da XP Investimentos, “através de um meio de pagamento digital, o governo consegue fazer um melhor rastreamento da moeda, combatendo lavagem de dinheiro, jogos ilegais e terrorismo. Outros países estão seguindo o mesmo caminho”.

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Calculadora de pressão assistencial por Estado - A calculadora permite estimar a pressão assistencial esperada em função de incremento de necessidade de internações pelo COVID-19. Todos os parâmetros abaixo podem ser ajustados para melhor refletir a sua realidade local. Uma vez ajustados a simulação considera os novos parâmetros escolhidos para estimar a taxa de ocupação de leitos em cada município
Gráfico do Ministério da Saúde de casos acumulados de pessoas infectadas e óbitos

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