No vasto território da China há um grupo étnico com uma conexão profunda e ancestral com a natureza – os oroqen. Eles são pouco mais de 9 mil pessoas, vivendo principalmente nas províncias de Heilongjiang e Mongólia Interior. Carregam consigo uma rica história e um modo de vida que reflete sua harmoniosa relação com as florestas e a vida selvagem.
Os oroqen são um dos 56 grupos étnicos oficialmente reconhecidos na China. De acordo com registros históricos, sua presença remonta a mais de mil anos na região das vastas florestas no nordeste da China. Acredita-se que eles são descendentes das tribos ancestrais do povo shiwei que sempre sobreviveu da caça, da pesca e da coleta.
Na Dinastia Yuan (1206-1368), os oroqen eram chamados de “povo da floresta”. Na Dinastia Ming (1368-1644), ficaram conhecidos como a “raça bárbara das Montanhas do Norte”. A introdução de artigos de ferro e armas, além do uso de cavalos durante a Dinastia Qing (1644-1911) trouxe profundas mudanças sociais e econômicas. Famílias deixaram o grupo de clãs e se tornaram unidades econômicas independentes. Mesmo assim, todos os clãs viviam e caçavam juntos na mesma área.
História e Cultura
Originalmente, os oroqen eram nômades, seguindo os movimentos dos animais em suas áreas de caça. A floresta boreal, densa e rica em recursos naturais, sempre foi sua fonte de sobrevivência. Caçadores habilidosos, desenvolveram técnicas de rastreamento e estratégias de caça passadas de geração em geração.
Além disso, a coleta de plantas e ervas também desempenhou um papel importante em sua cultura. Esses conhecimentos foram transmitidos oralmente, reforçando a tradição e a sabedoria da comunidade.
O avanço da urbanização e as políticas governamentais impactaram diretamente seu modo de vida tradicional. A partir dos anos 1950, muitos deles passaram a habitar vilarejos e cidades, abandonando a caça e se adaptando a novos meios de subsistência, como a agricultura, a criação de renas, a pecuária e o turismo.
Os oroqen são um povo notável, cuja história e cultura estão intrinsecamente ligadas ao ambiente onde vivem, por isso são chamados de “guardiões da floresta”. Sua profunda conexão com a natureza e a forma como preservaram seu modo de vida tradicional é exemplar.
Essa etnia busca preservar sua herança cultural e tradições. Festivais e cerimônias tradicionais continuam sendo realizados, demonstrando sua dedicação em manter viva a identidade do povo. No terceiro dia do primeiro mês lunar, realizam competições esportivas como tiro ao alvo. Gulun Muta é um celebrado por eles na primavera. As atividades incluem corrida, tiro, tiro ao alvo, cabo de guerra, música e dança, contação de histórias, xadrez e jogos de cartas de madeira.
Embora a maioria dos oroqen falem mandarim, sua língua original, que não tem forma escrita conhecida, continua preservada. Do grupo linguístico tungúsica do norte, é muito semelhante à língua evenki.
O governo chinês tem trabalhado para preservar a rica cultura dos oroqen. Parques culturais e museus foram criados para seus artefatos, roupas tradicionais e rituais. Embora sejam uma pequena minoria, têm representação política no Congresso Nacional do Povo e no Comitê Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.
Conheça um pouco da cultura oroqen no vídeo abaixo