A primeira missão diplomática originada no Brasil em direção à China aconteceu em 1879. Na ocasião, a Marinha do Brasil também iniciava sua primeira viagem de volta ao mundo. A tripulação era composta por 197 homens – 22 oficiais, 126 marinheiros imperiais, 15 foguistas e 21 soldados navais. A viagem durou, ao todo, 430 dias, sendo 268 de viagem e 162 nos portos e foi comandada pelo capitão de fragata Júlio César de Noronha.
A missão diplomática foi cercada de polêmicas, tanto no Brasil e no mundo, já que seu objetivo principal era buscar um acordo para trazer ao país mão de obra chinesa. Entre os enviados extraordinários estavam o diplomata Eduardo Callado e o contra-almirante Arthur Silveira da Motta, futuro Barão de Jaceguai.
Contexto histórico
À época, o Brasil do Segundo Império passava por um momento difícil, já que seu sustento era baseado na economia do café e a sociedade escravista estava com os dias contados. Foi neste contexto que a discussão sobre a possibilidade de imigração de chineses começou. O objetivo era substituir o fluxo de entrada de mão de obra interrompido pelo fim do tráfico negreiro.
Em situação oposta, a China já havia despontado como potência marítima muito antes dos portugueses. Os chineses dominavam a técnica de navegação e construção naval. Seu maior expoente foi um eunuco muçulmano chinês, chamado Zheng He (1371-1433). No período de 1405 a 1433, Zheng navegou sete vezes para o Sudeste Asiático e Oceano Índico. Sua frota era a maior do mundo na época. Consistia em mais de 200 navios e mais de 27 mil marinheiros e soldados. Os chineses a chamavam de “navios do tesouro”.
A chegada da missão à China
A tripulação brasileira atingiu seu objetivo, Hong Kong, em 18 de junho de 1880, apesar de muitos revézes – doenças à bordo, mortes e deserções. A missão diplomática desembarcou e iniciou um demorado processo de negociação, enquanto a corveta, e o que restou da tripulação, iniciou o trajeto de volta para casa. Entretanto, os portugueses não obtiveram sucesso. O tratado foi revisado inúmeras vezes, mas sem que as partes estivessem satisfeitas. Depois de inúmeras negociações, em 3 de outubro de 1881, o novo tratado foi assinado e ratificado no Brasil.
Mesmo assim, nenhum chinês emigrou para o Brasil em razão do tratado. Tudo que o acordo conseguiu foi estabelecer relações diplomáticas com a instalação de um consulado-geral do Brasil em Xangai, em 1883.