A história do Programa Espacial Sino-Brasileiro remonta a 1988, quando foi assinado o acordo entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Comissão Nacional de Ciência e Tecnologia Espacial da China (CAST). A iniciativa, formalizada pelos então presidentes José Sarney, do Brasil, e Jiang Zemin, da China, estabeleceu as bases para uma colaboração duradoura e frutífera.
O primeiro grande passo desse programa ocorreu em 1994, quando foi lançado o satélite CBERS-1, o primeiro de uma série de satélites de observação da Terra desenvolvidos em conjunto por Brasil e China. O nome CBERS é uma sigla em inglês para China-Brazil Earth Resources Satellite, cujo nome oficial em português é “Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres”;
O lançamento do CBERS-2 ocorreu em 2003, o CBERS-2B veio em 2007. Embora o CBERS-3 não teve lançamento bem-sucedido, em 2013, o programa não parou e lançou o CBERS-4 no ano seguinte, com o CBERS-4A, sendo o mais recente, em 2019. Os dois últimos continuam em órbita e estão funcionando bem.
Estão previstos mais dois lançamentos. O CBERS-5 está sendo produzido em conjunto por pesquisadores do Brasil e da China. O satélite CBERS-6 será desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP). Cada país deve investir 51 milhões de dólares, e a previsão é que seja lançado em 2028, de uma base da China.
Cada novo satélite incorpora avanços tecnológicos e melhorias em relação aos seus antecessores. A constante evolução do sistema CBERS tem permitido uma cobertura mais ampla da superfície terrestre e uma coleta mais precisa de dados.
No Brasil, o programa dos CBERS tem sido crucial no monitoramento da Amazônia, fornecendo dados essenciais para o combate ao desmatamento ilegal e a preservação da maior floresta tropical do mundo. Esses satélites ajudaram instituições como Incra, Embrapa, Petrobrás, IBGE, Ibama e ANA no monitoramento de desmatamentos e queimadas, no controle do nível de reservatórios e expansão urbana e agrícola. Já na China, o satélite contribui para o desenvolvimento de políticas agrícolas, gestão de recursos hídricos e monitoramento de áreas urbanas em rápido crescimento.
Todas as informações sobre o CBERS estão disponíveis AQUI.
Avanços tecnológicos e científicos
Cada etapa do Programa Espacial Sino-Brasileiro foi marcada por avanços tecnológicos e científicos significativos. Os satélites CBERS, equipados com câmeras de alta resolução, têm sido fundamentais para o monitoramento ambiental, agrícola e urbano, fornecendo dados cruciais para a compreensão das mudanças climáticas e o desenvolvimento sustentável.
A parceria Sino-Brasileira no espaço não se limita apenas ao desenvolvimento e lançamento de satélites. Os dois países também colaboraram em missões tripuladas, com astronautas brasileiros participando de treinamentos na China e vice-versa. Essa cooperação mútua tem fortalecido os laços entre as comunidades científicas e espaciais de ambos os países.
O Programa Espacial Sino-Brasileiro representa não apenas uma aliança estratégica entre Brasil e China, mas também um exemplo de como a cooperação internacional pode impulsionar o progresso científico e tecnológico.
De muitas maneiras, o CBERS tem se destacado como um símbolo de cooperação internacional e avanço tecnológico. Além do aspecto técnico, o CBERS também tem fortalecido os laços diplomáticos entre Brasil e China. A parceria espacial tem sido um exemplo de como a cooperação sino-brasileira pode promover benefícios mútuos e impulsionar o desenvolvimento científico e tecnológico em ambas as nações.
Durante o Simpósio de Cooperação Espacial China-Brasil, realizado pela Administração Espacial Nacional da China (CNSA) em Beijing em fevereiro de 2024, os cientistas envolvidos celebraram o fato de o CBERS ter se tornado o mais longo e influente projeto de cooperação internacional no campo aeroespacial. “É um modelo de “cooperação Sul-Sul”, disseram os especialistas, segundo reportou a Agência Xinhua.
“Através da cooperação no programa CBERS, conseguimos um melhor alinhamento com os padrões internacionais. A resolução e a qualidade das imagens também melhoraram gradualmente e agora atingiram o nível líder mundial”, observou o gerente chinês de missão do projeto CBERS, Ma Shijun.