Foto de capa: Yao Dawei

 

A pandemia da covid-19 que se alastra pelo mundo impõe a todos os países desafios e riscos sem precedentes. As Duas Sessões anuais da Assembleia Popular Nacional e Conferência Consultiva Política do Povo da China, realizadas neste período peculiar, traçaram estratégias e planos específicos para criar oportunidades na crise e abrir novos horizontes nas mudanças, transmitindo as seguintes mensagens.

A base para manter o crescimento chinês é robusta. Durante as deliberações nas Duas Sessões, o presidente Xi Jinping apontou a necessidade de “analisar a situação econômica da China numa perspectiva abrangente, dialética e de longo prazo”. A economia chinesa, a segunda maior do planeta, já passou da fase de alto crescimento para a de desenvolvimento com alta qualidade. Em 2019, o PIB chinês registrou uma alta de 6,1%, um aumento equivalente ao tamanho da economia de um país moderadamente desenvolvido; a renda per capita ultrapassou pela primeira vez a marca dos US$ 10 mil e o consumo foi o fator que mais contribuiu para o crescimento econômico.

Além disso, a China tem o maior e o mais completo sistema industrial do mundo, com vigorosa capacidade produtiva. Tem uma força de trabalho com mais de 170 milhões de profissionais altamente qualificados e um gigante mercado de consumo interno com uma classe média de 400 milhões de pessoas. A pandemia não vai mudar as características básicas da economia chinesa, como o enorme potencial, a forte resiliência, o amplo espaço para manobras e a diversidade de instrumentos macroeconômicos, tampouco vai afetar a tendência fundamental de crescimento a longo prazo. Mais força e potencial de desenvolvimento serão liberados à medida que a China levar adiante os processos de nova industrialização, informatização, urbanização e modernização agrícola.

As iniciativas que a China adapta para priorizar os interesses da população são explícitas. Em vez de fixar a taxa de crescimento econômico para este ano, as Duas Sessões definiram como meta garantir a segurança em seis áreas, entre elas, o emprego, o padrão de vida e o funcionamento das entidades de mercado. Medidas concretas incluem, por exemplo, criar 9 milhões de novos postos de trabalho este ano, manter a taxa de desemprego por volta de 6% e o aumento do Índice de Preços ao Consumidor em torno de 3,5%, e zerar a população abaixo da linha da pobreza, que hoje é de 5,51 milhões.

Isso mostra que, em vez de recorrer a vigorosos estímulos para alcançar indicadores rígidos preestabelecidos, o governo chinês vai priorizar a qualidade do crescimento e a garantia dos meios de vida. Para tanto, o governo elaborou políticas fiscais e monetárias que visam minimizar os impactos negativos e injetar mais vigor no mercado, como, por exemplo, a transferência de 2 trilhões de yuans do cofre central para os governos locais a fim de aumentar o consumo e o investimento; a redução ou isenção de encargos previdenciários e aumentos de suportes financeiros para diminuir os custos operacionais das empresas em valor superior a 2,5 trilhões de yuans ao longo do ano; um aporte de 600 bilhões de yuans a novos tipos de infraestrutura como a aplicação de 5G, redes de informação, veículos movidos a novas energias, e grandes obras de urbanização, de transporte e de conservação de água; além disso, está previsto o desenvolvimento de indústrias emergentes para criar novos pontos de crescimento como economia digital, manufatura inteligente, ciências da vida e novos materiais.

Os passos chineses para ampliar a abertura e a cooperação internacional são firmes. Sejam quais forem as mudanças na conjuntura, a China continuará no caminho do desenvolvimento pacífico e da cooperação ganha-ganha, empenhando-se em construir uma comunidade de futuro compartilhado para a Humanidade. Vai intensificar a cooperação internacional para enfrentamento da pandemia e otimizar a governança mundial da saúde pública. Ao incluir a contenção epidêmica em sua rotina, a China está focando na retomada do trabalho e da produção, de maneira que mais de 99% das principais empresas industriais já voltaram a operar.

Isso não apenas favorece a recuperação da economia chinesa, como também preserva da melhor forma as cadeias globais de abastecimento e da produção. O país vai levar a sua abertura a um novo patamar, promover a liberalização e a facilitação do comércio e dos investimentos, incentivar novas formas de negócio, como o comércio eletrônico transfronteiriço, e fortalecer a capacidade de transporte internacional de cargas. Este mês, a Feira de Cantão será realizada on-line pela primeira vez na história. Em novembro, terá lugar a terceira edição da Feira de Exportação da China. Essas medidas práticas são destinadas a aumentar as importações chinesas e desenvolver um grande mercado aberto ao mundo.

Olhando para trás, cada conquista da China em seu desenvolvimento vem de transformação de desafios em oportunidades, enquanto o crescimento da humanidade é sempre acompanhado pela superação. A pandemia nos mostrou, mais uma vez, que a saúde e o bem-estar dos povos do mundo estão estreitamente interligados. À medida que consolida seu próprio crescimento, a China vai intensificar ainda mais a parceria de benefício recíproco com o Brasil e os demais países e desempenhar seu papel como uma importante força para a paz, a estabilidade, o progresso e a prosperidade do mundo.

Por Yang Wanming, embaixador da China no Brasil
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