Durante uma transmissão ao vivo de moda, duas jovens brasileiras apresentaram novas coleções, respondendo a comentários e perguntas de cerca de 36 mil consumidores que rolam pela tela. Essa cenas é comum durante o festival de compras online da China, o Dia dos Solteiros, comemorado em 11 de novembro. Do outro lado do planeta, o Brasil vive a popularidade emergente do e-commerce por livestreaming.

A introdução do novo modelo de negócio no Brasil tem sido em parte atribuída aos esforços da empresária local Camila Ghattas e sua equipe.

Ghattas é fundadora e CEO de uma empresa de tecnologia estabelecida em Haikou, capital da província insular de Hainan, no sul da China. Sua empresa se dedica a estudar as estratégias digitais chinesas bem-sucedidas, entre as quais o e-commerce por livestreaming se destaca, e a prestação de serviços de consultoria para latino-americanos.

Ela ainda se lembra do primeiro show de transmissão ao vivo que assistiu no início de 2019, quando tinha acabado de registrar sua conta no Taobao, o principal empório eletrônico da China. O show foi apresentado por um fazendeiro chinês que fez um almoço com suas frutas e legumes caseiros enquanto transmitia todo o processo.

“Eu não sabia por que o show chamou minha atenção, mas simplesmente não conseguia parar de assistir”. Depois que o fazendeiro respondeu positivamente a uma pergunta que ela havia feito, Ghattas pediu uma caixa de seus limões. Sem sair da transmissão, ela clicou no botão de compra e a encomenda chegou em sua casa em apenas dois dias. “Era ainda mais barato do que as lojas comuns do Taobao poderiam oferecer!”

“O e-commerce via livestreaming é uma integração de vendas, interatividade e entretenimento”, ela explica. Ghattas então foi para as cidades do leste da China de Hangzhou e Yiwu, ambos centros do crescente setor de comércio eletrônico do país, que reúnem um grande número de livestreamers profissionais.

Para ajudar mais empreendedores brasileiros a entenderem o modelo de comércio nascente, Ghattas registrou tudo o que viu durante suas viagens de campo e fez demonstrações via aulas online. Seus esforços valeram a pena. Um novo impulso foi injetado no setor de e-commerce do Brasil, com cerca de 15% dos usuários de aplicativos de compras fazendo pedidos, em comparação com os 4% anteriores, de acordo com ela.

Ghattas e sua equipe também estão ajudando 23 empresas locais a treinarem seus próprios apresentadores de e-commerce através do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. “O presente da China é o futuro da América Latina”, ela afirma.

* Matéria publicada originalmente por China Hoje.

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