A caligrafia chinesa é considerada uma das mais nobres e antigas artes. Acredita-se que a origem dos caracteres – chamados de logogramas – se deu no fim da Dinastia Xia (séculos XXI a.C. – XVI a.C.), conhecida como a primeira da história da China. O filósofo Confúcio registrou a existência de um sistema de escrita na China anterior a 2000 a.C.

As ferramentas utilizadas para a caligrafia são consideradas como “quatro tesouros”: o papel, a tinta, a pedra de pintar e o pincel. O papel mais usado é o de arroz, produzido na província de Anhui. Os bastões de tinta são feitos de fuligem e devem ser esfregados na pedra de tintura até que a consistência correta seja alcançada. Os pincéis mais comuns são feitos do macio pelo de carneiro ou de lobo, mais rígido. Esses itens são muito valorizados na cultura do país e são considerados objetos de arte.

A caligrafia chinesa possui estilos distintos que podem ser divididos em cinco categorias: Chuan Shu ou escrita de selo, Li Shu ou escrita oficial, Kai Shu ou escrita normal, Hsign Shu ou escrita corrente, e Ts’ao Shu ou escrita cursiva.

A Escrita de Selo possui linhas finas, uniformes e fortes. Cada caractere deve se encaixar em um quadrado imaginário. Subdivide-se em Pequena Escrita de Selo, com linhas cuidadosamente traçadas, e Grande Escrita de Selo, que é menos requintada. Seus registros datam da Dinastia Qin (221-207 a.C).

Congratulações pelo Ano Novo Chinês, escrita em estilo Selo em uma aula de caligrafia no Templo de Confúcio de Taichung

A necessidade de um estilo caligráfico que pudesse ser reproduzido com rapidez para atender a crescente demanda de documentos trouxe a Escrita Oficial. O estilo amplo e quadrado é uma modificação da Escrita de Selo criada pelo diretor da prisão na Dinastia Qin, Ch’eng Miao.

A Escrita Oficial trouxe mais refinamento à caligrafia chinesa

Foi durante a Dinastia Han (206 a.C. -220d.C) que surgiu a Escrita Normal. Esse estilo descende da Escrita Oficial e possui traços amplos e suaves. Por ser mais fácil de escrever, tornou-se o estilo para uso geral do dia a dia. Calígrafos famosos como Yan Zhenqing fundaram suas próprias escolas para difundir esse esse estilo de escrita durante a Dinastia Tang (618-907 d.C).

A Escrita Corrente é descrita como uma variação do estilo normal. Foi desenvolvida entre as Dinastias Han e Wei (220-265 d.C.). Popularizou-se por ser extremamente fácil de ser usada.

O estilo Normal permitiu uma dinamicidade maior para a escrita do dia a dia

“A escrita para, mas o significado prossegue; a pena descansa, mas o poder é infinito.” Acredita-se que esse provérbio chinês é o que define a Escrita Cursiva. Esse estilo também conhecido como “Escrita Grama” apresenta uma estrutura simplificada de traços conjuntos e linhas escritas com rapidez e fluência.

Traços simples e rápidos caracterizam o estilo Cursivo

A caligrafia não se restringe somente aos rolos de papéis e costuma caminhar junto com a pintura, outra expressão artística muito valorizada no país. De acordo com as tradições chinesas, a prática da caligrafia traz benefícios físicos e espirituais. Essa arte faz parte da grade curricular de muitas escolas por estimular a disciplina, a paciência e a persistência. Por todas essas características, acredita-se que o desenvolvimento deste ofício foi o que proporcionou aos calígrafos chineses vidas longas e prósperas.

Pintura e caligrafia são duas artes complementares na cultura chinesa
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