O teatro chinês existe há cerca de 3 mil anos. De acordo com registros históricos, apresentações xamânicas de dança e canto para pedir chuva eram realizadas no começo da Dinastia Shang (1600 a.C. – 1046 a.C.). Essa arte vai da comédia ao drama, mesclando canto, dança, narrações poéticas e acrobacias. Os espetáculos contavam histórias de feitos heróicos e dramatizavam lendas.

“O Órfão de Zhou” é uma peça criada na Dinastia Yuan (1271 – 1368) que ainda é representada atualmente

A diferença principal entre o estilo clássico chinês e o ocidental é o pouco uso ou a ausência de cenários. A performance é completamente dirigida ao público e o ambiente é criado pela interpretação do ator. Uma passagem atribuída a Confúcio explica a “Dança do Grande Guerreiro”, peça que conta a história da fundação da Dinastia Zhou (1046 a.C. – 256 a.C.):

“Quando eles dançam em duas fileiras e apontam suas armas em várias direções, estão espalhando a admiração de seu poder militar pelos Estados Centrais. Quando eles se dividem e avançam em pares, isso indica que a investida foi concluída com êxito. Quando permanecem por muito tempo em suas posições de dança, aguardam a chegada dos governantes dos vários estados.”

Pintura encontrada em uma tumba retrata artistas performando em um banquete da aristocracia

Foi durante a Dinastia Zhou que surgiram as primeiras peças de teatro musical. Atores faziam apresentações solo ou em pares e traziam diferentes histórias para entreter o imperador e a nobreza. Com a popularização dessas peças na Dinastia Song, novos estilos teatrais começaram a se espalhar pelas regiões da China. Acredita-se que uma dessas novas formas de atuar seja a Ópera de Pequim, muito famosa nos dias atuais.

A Ópera de Pequim é uma performance que mescla canto, recitação, dança, atuação, acrobacias e artes marciais. As mímicas e a criatividade são essenciais para que os atores descrevam ambientes, situações e emoções. Outra característica marcante nesse estilo teatral é a parte visual: atores utilizam fantasias chamativas em cores vibrantes e maquiagem exagerada. A UNESCO reconheceu a importância da Ópera de Pequim em 2010, conferindo a ela o título de Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade.

Uma das cenas de “Adeus, minha concubina”, peça da Ópera de Pequim

Saiba mais sobre a Ópera de Pequim!

 

Outro estilo popular é o teatro de marionetes, também conhecido como teatro das sombras. Seus primeiros registros remontam à Dinastia Han (206 a.C. – 220 d.C.). É dividido em dois sub-estilos: no Pequinês, as marionetes eram pequenas e feitas com couro de barriga de pavão, produzindo sombras coloridas e delicadas. Os bonecos do estilo Cantonês eram feitos com couro mais grosso, produzindo sombras maiores. Eram pintados com duas cores básicas: o preto representava honestidade e o vermelho simbolizava coragem.

Curiosidade: os marionetistas costumavam guardar cabeças e corpos dos bonecos em locais diferentes, pois acreditavam que isso impediria que as marionetes “voltassem à vida” durante a noite.

A modernização do teatro chinês foi inevitável. Com o fim da Era das Dinastias, o romantismo e o realismo ocidentais começaram a ser introduzidos na cultura do país. A remodelação da arte trouxe elementos como o drama falado (huaju), um contraponto ao estilo musical. Apesar da influência exterior, existe um movimento de preservação do teatro tradicional na China por sua contribuição cultural e histórica.

Performance ao ar livre no Teatro Jade Dragon Snow Mountain( Montanha de Neve do Dragão Jade) – Foto: CEphoto, Uwe Aranas
Compartilhar.