A sessão especial para China e países latino-americanos do Festival Internacional de Poesia Juvenil 2025, ocorreu na semana passada, em Xi’an, na Província de Shaanxi, noroeste da China. O encontro reuniu 37 jovens poetas chineses e 40 representantes de 15 países da América Latina e do Caribe, como Brasil, Colômbia e Cuba.
Realizado pela primeira vez em 1980 por uma revista publicada pela Associação de Escritores da China, o festival é considerado o encontro literário mais influente e mais antigo da China. Realizado com sucesso em 41 edições, o evento ganha uma dimensão internacional, reunindo poetas chineses e estrangeiros e promovendo, por meio da poesia, o diálogo entre culturas e a aproximação entre os povos em consonância com a Iniciativa de Civilização Global.
Este ano, sob o tema “Ecos da Civilização”, o evento buscou usar a poesia como ponte para aproximar culturas, fortalecer a amizade entre os povos e impulsionar o diálogo entre civilizações. Ocorreram diversas apresentações musicais e de dança chinesa.
Na abertura, o presidente da associação, Zhang Hongsen, destacou que a poesia expressa sentimentos universais e transmite um profundo cuidado humano. Também expressou sua esperança de que os poetas latino-americanos experimentem de perto a cultura chinesa, levando essas impressões para seus países e transformando-as em versos que ressoem como uma ponte entre os povos.
Ricardo Domeneck, poeta, ensaísta e performer brasileiro, vencedor dos dois prêmios literários mais prestigiados do país, o Prêmio Jabuti e o Prêmio Alphonsus de Guimarães da Biblioteca Nacional, recitou um poema de Li Bai, um dos maiores poetas chineses da história.
Ele compartilhou a inspiração que encontrou nas montanhas próximas ao Mausoléu do Imperador Qin Shihuang, em Xi’an. Tendo crescido em uma região plana no Brasil, relatou sentir-se profundamente impressionado ao contemplar montanhas, o que o levou a iniciar um poema que descreve o assombro de um menino do planalto diante dessa paisagem.
O brasileiro destacou que a poesia chinesa valoriza a atenção aos detalhes e enfatiza a harmonia entre humanos e natureza, uma lição importante atualmente, quando muitas vezes nos percebemos separados do mundo natural.
Ele também afirmou que gostaria de ver mais escritores chineses no Brasil e mais brasileiros na China, consolidando uma rede literária que fortaleça a ligação entre os dois países.