A China é berço de uma das civilizações mais antigas do mundo. O país mantém vivas diferentes tradições um legado cultural, que incluem danças carregadas de histórias, mitos e valores de comunidades por gerações.
Algumas são reconhecidas pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial, essas expressões artísticas são testemunhos vivos da diversidade étnica e da conexão entre passado e presente.
Das celebrações rituais aos festivais populares, cada dança é um mosaico de cores, movimentos e simbolismos. Conheça melhor algumas delas, que são heranças culturais do país e fazem parte da identidade chinesa.
Dança do Dragão (龙舞, Lóng Wǔ)
A Dança do Dragão é muito popular durante eventos importantes e nos festivais chineses, especialmente durante o Ano Novo Lunar. Ela simboliza prosperidade e poder. Executada por dançarinos que manipula uma estrutura de bambu e tecido, imitando os movimentos ágeis do dragão, uma criatura mitológica que representa a força da natureza. A execução da coreografia exige muita sincronia e resistência física.
Originária da dinastia Han (206 a.C.–220 d.C.), a dança era parte de rituais para invocar chuva e boas colheitas. Atualmente, é um espetáculo que une acrobacias, percussão e cores vibrantes, mantendo viva a devoção por símbolos ancestrais.
Juntamente com a Dança do Leão, é parte essencial das celebrações do Festival da Primavera – Ano Novo Chinês, que passou a integrar a lista da UNESCO em 2024. Sua inclusão individual na lista de Patrimônio Cultural da Humanidade deve ser votada ainda esse ano.
Ópera tibetana (藏戏)
A ópera tibetana é uma forma de arte performática profundamente enraizada na cultura tradicional dessa minoria étnica chinesa. É mais popular na região de Qinghai-Planalto Tibetano, no sudoeste da China.
Combinando acrobacia e canto com outras formas de arte performática, essa antiga arte performática, é altamente representativa da cultura tradicional tibetana. Ela combina canto, dança, canto, acrobacia e elementos religiosos. Os enredos das apresentações abrangem desde mitos, lendas e história até eventos da vida contemporânea.
Nesses espetáculos, atores vestindo trajes coloridos e máscaras pintadas narram, cantam ou dançam para desempenhar diferentes papéis. Uma máscara vermelha geralmente representa um rei, uma verde, uma rainha, e uma amarela, uma divindade.
Em 2006, a ópera tibetana foi incluída no primeiro grupo do Patrimônio Cultural Imaterial (PIC) nacional da China. Mais tarde, em 2009, foi adicionada à lista do PCI da UNESCO. Artistas profissionais e amadores contribuíram para o patrimônio da ópera tibetana.
Ópera Kun Qu (崑曲)
Inscrita em 2008 na Lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO, a Ópera Kun Qu desenvolveu-se durante a dinastia Ming (séculos XIV a XVII) na cidade de Kunshan, situada na região de Suzhou, no sudeste da China.
Com raízes no teatro popular, o repertório de canções evoluiu para uma importante forma teatral. Kun Qu é uma das formas mais antigas de ópera chinesa ainda hoje apresentada.
Caracteriza-se por sua estrutura e melodia dinâmicas (kunqiang) e por peças clássicas como o Pavilhão das Peônias e o Salão da Longevidade. Combina canto e recital, bem como um complexo sistema de técnicas coreográficas, acrobacias e gestos simbólicos. A ópera apresenta um jovem protagonista masculino, uma protagonista feminina, um velho e vários papéis cômicos, todos vestidos com trajes tradicionais. As canções Kun Qu são acompanhadas por uma flauta de bambu, um pequeno tambor, badalos de madeira, gongos e címbalos, todos usados para pontuar ações e emoções no palco. Reconhecida pela virtuosidade de seus padrões rítmicos (changqiang), a ópera Kun Qu teve uma influência considerável em formas mais recentes de ópera chinesa, como a Ópera de Sichuan ou a Ópera de Pequim.
Dança dos potes Mongol (顶碗舞, Dǐng Wǎn Wǔ)
Originária das pastagens da província Mongólia Interior, a Dança dos Potes – também chamada de Dança das tigelas – é uma demonstração de equilíbrio e graça.
As mulheres dançam com pilhas de pratos na cabeça, por vezes segurando taças e sinetas nas mãos, enquanto executam giros suaves sem derrubar nenhum objeto. A coreografia, que remonta a rituais antigas dos nômades, simboliza harmonia e precisão. Os trajes bordados e os cantos em khöömei (canto gutural) completam a imersão na cultura mongol, destacando-se como uma das expressões mais delicadas do patrimônio imaterial da China.