O arquiteto e urbanista chinês Kongjian Yu, referência mundial na arquitetura paisagística e idealizador do conceito de “cidades-esponja”, morreu em um acidente de avião no Pantanal de Mato Grosso do Sul, na noite de terça-feira (23).
Ele estava na região para produzir um documentário. No acidente também faleceram Marcelo Pereira de Barros, piloto e dono do avião; Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz, cineasta; e Rubens Crispim Jr., diretor de cinema.
Yu era professor da Universidade de Pequim e fundador do escritório Turenscape, criado em 1998 e hoje considerado um dos maiores do mundo na área. Sua proposta de “cidades-esponja” revolucionou o planejamento urbano ao propor espaços capazes de absorver, filtrar e reutilizar grandes volumes de água, reduzindo impactos de enchentes e integrando a natureza às cidades. Assista ao vídeo abaixo para entender melhor o conceito.
Nascido em 1963, na província de Zhejiang, Yu formou-se na Universidade Florestal de Beijing e concluiu o doutorado em arquitetura paisagística em Harvard, nos Estados Unidos. Também atuava como consultor do governo chinês e liderou projetos em mais de 70 cidades, muitos premiados internacionalmente por suas soluções inovadoras baseadas na natureza.
Visão para o Brasil
Ele esteve no Brasil em 2024, em meio às enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul, em 2024, a convite do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Na ocasião disse: “Espero que o Brasil possa ser referência sobre como devemos construir o mundo”. Enalteceu a biodiversidade brasileira e mostrou-se entusiasmado com o papel que o Brasil pode exercer no planeta. “Vocês são uma esperança, são um país muito jovem ainda”.
O urbanista considerava que um dos primeiros passos para a elaboração de cidades-esponja é a criação de um plano diretor. Segundo Yu, é preciso planejamento para que rios canalizados sejam transformados em rios-esponja, com vegetação, pequenas ilhas verdes que absorvam parte da água. “Nós temos que pensar grande”.
Kongjian Yu acreditava que iniciativas individuais também podem contribuir para que as cidades exerçam melhor a função de esponjas. Ele dá o exemplo de prédios e apartamentos que podem absorver a água da chuva. “É possível coletar e levar para a varanda, irrigando hortas”, detalha.
“Nós precisamos repensar a maneira com que reconstruímos nossas cidades. Buscar uma solução baseada na natureza”, finalizou.