A 99, empresa brasileira controlada pelo grupo chinês DiDi’s International Business Group, confirmou oficialmente o retorno do 99Food, seu serviço de delivery de comida. A plataforma, lançada em novembro de 2019 foi descontinuada quatro anos depois. Ela deverá voltar ao mercado ainda este ano, integrando-se a um ecossistema que inclui transporte, entregas e serviços financeiros. O anúncio foi acompanhado pela revelação de um investimento de R$ 1 bilhão em 2025, destinado a ampliar a infraestrutura tecnológica e a capilaridade dos serviços da marca no país.
Inicialmente, o 99Food foi criado para competir no aquecido mercado de delivery de refeições, dominado pelos aplicativos iFood e Rappi. Porém, em novembro de 2023, a matriz chinesa decidiu interromper as operações do serviço para concentrar recursos em soluções logísticas sobre duas rodas, como a 99Moto (transporte de passageiros em motocicletas) e a 99Entrega Moto (entregas rápidas). Na época, a empresa justificou a mudança como parte de um “reposicionamento estratégico para otimizar operações em mercados prioritários”.
A decisão de relançar o aplicativo de comida surge em um contexto de expansão agressiva. Para a DiDi, o retorno do 99Food visa “redefinir a conveniência digital no Brasil”, posicionando a plataforma como um hub multifuncional. “Não se trata apenas de entregar comida, mas de criar uma rede de serviços interconectados que simplifiquem a vida do usuário”, afirmou um porta-voz da empresa.
Integração com 99Pay
O movimento está alinhado ao crescimento da 99Pay, fintech da companhia que já possui mais de 8 milhões de usuários. A integração entre delivery, transporte e serviços financeiros permitirá, por exemplo, que entregadores recebam pagamentos instantâneos via app e que clientes acumulem cashback em corridas ou pedidos. Além disso, a 99Moto, que hoje responde por 30% das viagens da plataforma, ganhará reforço com a nova fase do 99Entrega Moto, ampliando a frota de motoboys parceiros.
Para Stephen Zhu, head global da DiDi, o investimento de R$ 1 bilhão em 2025 reflete a aposta no potencial brasileiro. “Temos experiência em 14 países, com milhões de corridas e entregas diárias. Queremos replicar aqui soluções acessíveis, com qualidade e variedade”, declarou. Os recursos serão distribuídos entre tecnologia de geolocalização, segurança para entregadores, parcerias com restaurantes e campanhas de atração de usuários.
Desafios em um mercado competitivo
Para se diferenciar dos concorrentes, a 99 promete taxas menores para restaurantes (em torno de 15%, ante 25%-30% dos outros) e opções de entrega em menos de 30 minutos em grandes cidades. Outro trunfo é a base de 20 milhões de usuários ativos da 99, que receberão incentivos para migrar para o 99Food.
A empresa também destacou iniciativas alinhadas a políticas públicas, como a transição para veículos elétricos. Desde 2022, a 99 opera uma frota de motos elétricas em parceria com a startup Tembici, reduzindo emissões de CO₂. “Queremos ser protagonistas na revolução verde do transporte”, reforçou Zhu. Outro pilar é a inclusão de microempreendedores: 60% dos restaurantes cadastrados no 99Food serão pequenos negócios locais, segundo a empresa.
Caso a estratégia seja bem-sucedida, a 99 consolidará um ecossistema único no país, onde um mesmo app resolve mobilidade, entrega de comida e transações financeiras. O desafio é manter a eficiência em meio à complexidade. Como resume Zhu: “Isso é sobre moldar o futuro da conveniência – e o Brasil está no centro desse plano”.