Circula nas redes sociais uma comparação entre a epidemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, e a epidemia de H1N1 de 2009, também conhecida como gripe A ou gripe suína. Este conteúdo é FAKE.
De acordo com o portal de verificação de notícias Agência Lupa:
“A comparação entre os casos de Covid-19 e de H1N1 é inadequada. Os dados indicados no post estão próximos dos números reais para as duas epidemias. No entanto, as mais de 58 mil ocorrências de contaminação pelo vírus H1N1 citadas ocorreram em mais de um ano e meio. Já o número de casos relacionados ao coronavírus é o total de menos de um mês.
Além disso, na epidemia de 2009, por recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil só contabilizava casos considerados graves. Ou seja, o número total de infectados por H1N1, muito provavelmente, foi muito maior do que o citado – e a taxa de mortalidade, portanto, muito mais baixa.
O primeiro caso confirmado de Covid-19 no Brasil foi registrado no dia 26 de fevereiro de 2020. Já a primeira morte causada pela doença ocorreu 20 dias depois, em 17 de março. Em 21 de março, 24 dias depois do primeiro registro, o Brasil já tinha 1.128 infectados e 18 mortes. Nesta sexta-feira (27), o número de ocorrências havia triplicado, 3.417, enquanto o número de pessoas que morreram havia quintuplicado, chegando a92.
Em 2009, na pandemia de H1N1, o primeiro caso foi registrado em 7 de maio. 24 dias depois, em 31 de maio, eram 16 casos confirmados. A OMS declarou pandemia global em 11 de junho. A primeira morte no país só foi registrada em 28 de junho, e a vítima havia contraído a doença na Argentina. Em 10 de julho, uma menina de 11 anos morreu por causa da doença. De acordo com os dados, a epidemia de 2009, portanto, foi muito menos agressiva do que a atual.
O surto de H1N1 só foi considerado encerrado pela OMS em agosto de 2010, mais de um ano depois de seu início. De maio de 2009 a dezembro de 2010, foram 59.867 casos registrados e 2.173 mortes no Brasil. Os dados são do Ministério da Saúde.
Outra diferença importante é a forma de contabilização das ocorrências. Como dito acima, a OMS recomendou, ainda em julho de 2009, que apenas casos considerados graves entrassem na conta. Em 2010, essa restrição foi ampliada para apenas casos que levassem a hospitalização. Já para a Covid-19, até o momento, todos os casos reportados e confirmados estão sendo contabilizados, mesmo que eles não sejam graves.
Na prática, isso significa que o número de casos da H1N1 foi, de fato, muito maior do que o reportado, e a taxa de mortalidade foi consideravelmente mais baixa que a reportada. Estima-se que a taxa de mortalidade real da epidemia foi de cerca de 0,026%. Considerando apenas os casos registrados no Brasil entre 2009 e 2010, a taxa seria de 3,6%.”
Diversos portais fazem o trabalho de investigação de informações para identificação dos conteúdos falsos e enganosos, como a Agência Lupa, o Boatos.Org, o e-Farsas, entre outros. O Observatório do Coronavírus feito pelo Ibrachina também reúne algumas das fake news mais recentes – acesse aqui todas as edições.