Uma das principais cidades do mundo a usar as tecnologias de smart cities é Beijing, capital da China. A metrópole onde vivem mais de 22 milhões de pessoa melhorou significativamente a eficiência dos serviços públicos com o uso da inovação, desde os transportes até a segurança social.
No ranking do Global Top 100 SMILE Cities e Global New Smart City 2022-2023, mais conhecido como SMILE Index, Beijing ficou em terceiro lugar, atrás apenas de Singapura.e Zurique (Suíça).
A sigla SMILE é composta as cinco principais áreas avaliadas. O S representa “segurança e serviços”, M significa “mobilidade”, I remete a “inovação e infraestrutura”, L relaciona-se com “life” (vida, em inglês) e E engloba “educação e entretenimento”.
A análise do relatório levou em conta as mudanças no conceito de smart city. Além de medir o uso estratégico de dados, avaliou a promoção de ecossistemas urbanos sustentáveis.
Iniciativas inovadoras
Uma dessas iniciativas de destaque foi a introdução do Cartão de Serviço Social do Cidadão de Beijing. Esse documento, que pode ser acessado por aplicativo, contém informações importantes, como a identidade e as condições de saúde do portador. Ele ganhou destaque durante a pandemia de COVID-19, facilitando o monitoramento de pessoas doentes em ambientes de grande aglomeração, como transporte público.
Desde o início da década de 2010, Beijing vem conseguindo superar os desafios do crescimento urbano. O centro dessa revolução tecnológica é a opção pela “conectividade total.” A cidade adotou a Internet das Coisas (IoT) em grande escala. Com isso, a extensa rede de dispositivos interconectados permite a coleta e análise em tempo real de dados cruciais para otimizar o funcionamento do sistema urbano. A chegada do 5G, em 2019, deu um salto de qualidade na velocidade em que essas informações são compartilhadas.
A administração de Beijing instalou sensores inteligentes em toda a cidade para monitorar a qualidade do ar, níveis de poluição sonora e padrões de tráfego. Isso não apenas facilita a resposta rápida às adversidades e acidentes, como também permite a implementação de políticas proativas para melhorar a qualidade de vida dos residentes.
Se no passado a cidade sofria com a má qualidade do ar, atualmente as tecnologias inteligentes conseguem identificar o volume de poluentes na atmosfera e identificar qual fábrica está contribuindo para a poluição ambiental, que é imediatamente comunicada para tomar providências.
Numa cidade com grande número de carros, a mobilidade foi melhorada por um modelo de simulação de rede rodoviária em tempo real, que identifica pontos de congestionamento. Essa abordagem, além de aliviar o fluxo reduziu significativamente as emissões de carbono, contribuindo para um ambiente mais limpo e saudável.
A cidade abraçou a “mobilidade urbana inteligente”. Os sistemas avançados de gestão de tráfego, combinados com serviços de compartilhamento de veículos elétricos e aplicativos de transporte, proporcionaram uma transição suave para um modelo de mobilidade mais eficiente e sustentável.
Visando aumentar a segurança pública, Beijing investiu em um sistema de câmeras equipadas com reconhecimento facial e análise de comportamento por inteligência artificial. Essa rede permite dar uma resposta rápida a incidentes, ao mesmo tempo que oferece uma atuação eficaz na prevenção de crimes.
Inclusão Digital e participação do poder público
Beijing não se limitou a melhorar a eficiência operacional da cidade, também promoveu a participação cidadã. Aplicativos de celular fornecem aos residentes acesso fácil a informações sobre serviços públicos e eventos locais.
O projeto municipal “Beijing 2030” está rapidamente cumprindo ma visão audaciosa, onde a tecnologia não apenas otimiza a infraestrutura urbana, mas também eleva a qualidade de vida de seus residentes. Até o final da década a capital chinesa terá pavimentado o caminho para a próxima era das cidades inteligentes.
Beijing também se destaca por ser uma cidade onde o dinheiro é virtual. Os chineses possuem diferentes alternativas de aplicativos de celular que permitem pagamentos instantâneos, similar ao PIX do Brasil. A diferença é que esse dinheiro eletrônico pode ser usado em todos os tipos de serviços, como transportes públicos.
Durante os Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, a cidade mostrou ao mundo as vantagens do uso a moeda eletrônica estatal, o e-yuan. A tendência é que ela se torne o principal meio de pagamento em todas as transações comerciais no país.
Além disso, o jornal South China Morning Post mostrou, em reportagem recente, que a prefeitura de Beijing está estimulando as empresas de tecnologia sediadas na cidade que apresentarem propostas de uso de tecnologias da Internet 3.0, como Inteligência Artificial generativa e sistemas industriais baseados em realidade aumentada (AR) e realidade virtual (VR).
Serão destinados 60 milhões de yuans (8,6 milhões de dólares) para apoiar os projetos selecionados nos próximos dois anos. A medida faz parte do plano da capital chinesa para, até 2025, ser líder na chamada “indústria da Internet 3.0”. Isso inclui o uso de tecnologias como blockchain, que tem o potencial de oferecer mais segurança aos serviços baseados na internet. O governo local se comprometeu a colaborar com um ecossistema que utilize aplicações de código aberto para novos modelos do uso de inteligência artificial, o que pode colocar o país na liderança nessa área da tecnologia
As informações são do China Daily