Durante o “Summit Valor Econômico Brazil-China 2025”, experiências chinesas em urbanização inteligente e mobilidade elétrica foram apresentadas e vistas como possíveis modelos para o Brasil. O evento, realizado em Xangai, uma das líderes asiáticas em smart cities, reuniu autoridades, especialistas e empresários para discutir como soluções digitais, transporte sustentável e inovação industrial podem transformar centros urbanos.
Cidades Chinesas são laboratórios de inovação
Xangai, Suzhou e Hangzhou foram apresentadas como cases de sucesso na aplicação de tecnologias disruptivas. Em Xangai, líder regional em infraestrutura inteligente, sistemas de reconhecimento facial e gestão de dados em tempo real otimizam segurança e mobilidade. Já Suzhou, com 2.500 anos de história, combina preservação cultural com metas de carbono neutro, enquanto Hangzhou destaca-se como polo de startups e digitalização integrada.
Zhang Jianyu, vice-diretor do Conselho da China para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, enfatizou que “priorizar a ecologia não limita a economia; pelo contrário, impulsiona uma economia de alta qualidade”.
Autoridades brasileiras compartilharam avanços locais, inspirados em parcerias com a China
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, abriu o debate no painel “Cidades Inteligentes: Tecnologia e Inovação – Exemplo para o mundo”. A mediação foi de Alan Gripp, diretor de redação de O Globo; com participação de Zhang Jianyu, vice-diretor do CCICED (Ministério da Ecologia e Meio Ambiente da China); Jesse Efraim Silva Guimarães, vice-presidente da Câmara Brasil-China (BraCham); Elias Marco Khalil Jabbour, presidente do Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos; Chen Weiqiang, vice-prefeito de Hangzhou; e Gu Haidong, vice-prefeito de Suzhou.
Nunes listou ações práticas que a tecnologia e a inovação trouxeram à capital paulista. Ele detalhou o funcionamento do Smart Sampa, programa que instalou 25 mil câmeras com reconhecimento facial, resultando na prisão de mais de 1.020 foragidos. A cidade também investe na substituição da frota de ônibus por veículos elétricos e no plantio de 200 mil árvores até 2025.
Eletrificação e sustentabilidade
O painel sobre veículos elétricos (VEs) revelou otimismo: em 2024, 177.358 unidades eletrificadas foram emplacadas no Brasil, segundo a ABVE. Liu Xiaoshi, da China EV 100, projetou: “O Brasil liderou com etanol; agora, a eletrificação será dominante”.
Rodrigo Zeidan, professor da NYU Shanghai, destacou a competitividade das montadoras chinesas, que combinam preços baixos com tecnologia avançada. Já Fang Li, do World Resources Institute, citou casos como Bogotá e Santiago, onde 24 mil ônibus elétricos chineses reduziram emissões e pressionaram upgrades na rede elétrica.
Conforme o vice-prefeito Chen Weiqiang: “a digitalização é a base para cidades sustentáveis”. Na China, plataformas unificadas de dados permitem desde o monitoramento de poluição até o gerenciamento de tráfego. Para o Brasil, especialistas sugerem parcerias público-privadas para replicar esses sistemas, adaptando-os a realidades locais.
Enquanto Xangai mostra que é possível integrar 26 milhões de habitantes a sistemas inteligentes, o Brasil busca seu próprio modelo – menos megalópole, mais conectado. Como resumiu Alan Gripp, mediador do evento: “A reinvenção urbana não é sobre copiar a China, mas adaptar suas inovações às nossas raízes”.
O summit é uma realização da Editora Globo e do Valor Econômico, em parceria com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e a Caixin Global; com patrocínio master de BRF Marfrig; patrocínio de Cedae, ApexBrasil, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Prefeitura do Rio de Janeiro, CNA/Senar, BYD e Huawei; e com apoio de Eletromidia, Vale, CNI, governo do Estado de São Paulo, Portos Do Paraná, Suzano, Prefeitura de São Paulo e Fiesp. <