Nas últimas décadas, as relações comerciais entre Brasil e China se estreitaram e apresentaram um crescimento significativo. Em 1993, as exportações brasileiras para China correspondiam a pouco mais de 2,9% do total, já as importações de produtos chineses para o Brasil representavam cerca de 1,8% de tudo que o Brasil comprou do exterior. Trinta anos depois, em 2023, as exportações para China correspondiam a 30,7% do total exportado naquele ano, e as importações 23%.
A China tornou-se o principal parceiro comercial do Brasil na Ásia no ano 2000. Em 2009, assumiu a condição de maior parceiro, com uma corrente comercial de US$ 36,1 bilhões, ultrapassando os Estados Unidos. A soma das exportações e importações, a corrente de comércio serve para medir o fluxo comercial entre dois países ou blocos econômicos.
Desde então, a China continua sendo o principal destino das mercadorias brasileiras. A barreira dos US$ 105,7 bilhões em exportações do Brasil para a China foi ultrapassada em 2023. Esse é o maior valor exportado pelo Brasil para um só país na história. Ao mesmo tempo, as vendas chinesas para o Brasil somaram US$ 53,159 bilhões.
Entre os principais produtos exportados estão soja, minério de ferro, petróleo e carne bovina. Já a China vende para o Brasil produtos manufaturados, eletrônicos e bens de consumo, auxiliando o comércio bilateral de modo fundamental para as economias de ambos os países, além de contribuir para o desenvolvimento econômico global.
O presidente do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), Luiz Augusto de Castro Neves, apontou que a China não só é o maior parceiro comercial do Brasil, mas o maior investidor em termos de fluxo. “Nesse ambiente de instabilidade nos últimos anos em relações internacionais, chama atenção a relação sino-brasileira, que tem sido marcada por uma certa continuidade na expansão dessas relações”, destacou.
Futuro aponta para aprimoramento das relações
O gerente geral em Ásia e Pacífico da ApexBrasil, Rodrigo Gedeon, avalia que o futuro da parceria entre Brasil e China passa por infraestrutura e combustível sustentável de aviação. A pauta do futuro também se concentra nas três grandes commodities: petróleo, soja e minério de ferro. “Os fatores geopolíticos favorecem e trazem a oportunidade de ser um grande parceiro”, disse ele ao jornal Valor Econômico.
A China figura entre as principais fontes de investimento estrangeiro direto no Brasil, com destaque para o setor de infraestrutura (sobretudo na geração e transmissão de energia e nas áreas portuária e ferroviária) e para o setor de óleo e gás, com participação importante nos setores financeiros, de serviços e de inovação.
Outra ação importante para fortalecimento futuro do comércio bilateral foi a criação, em 2023 de uma “Clearing House” (ou Câmara de compensação), instituição bancária que permita o fechamento de negócios e a concessão de empréstimos entre os dois países sem que o dólar americano tenha que ser usado para viabilizar a transação internacional. Assim, eles podem comercializar diretamente em yuan, moeda chinesa.
“O Brasil firmou acordo para pagamento em yuan, que facilita muito o nosso comércio. Vamos trabalhar ainda mais no setor de alimentos e minérios, vamos buscar possibilidade de exportação de mercadorias de alto valor agregado da China ao Brasil e do Brasil para a China”, afirmou Guo Tingting, vice-ministra de comércio da China.