Com a mudança cada vez mais acentuada das relações políticas e econômicas internacionais, num cenário global tendente ao multilateralismo, esforços têm sido feitos por empresas, governos e pesquisadores para melhor compreensão dos novos protagonistas da geopolítica. Os chamados emergentes foram blocos, como o Brics, reunindo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Para entender melhor a China, um dos líderes desse processo de emergência de sociedades e culturas representadas pelos Estados emergentes, um novo curso de pós-graduação foi aberto pela universidade PUC-Minas, oferecendo especialização em China Contemporânea.
O diretor do curso, professor Javier Vadell, doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explicou em entrevista à Rádio China Internacional quais as vantagens para quem faz o curso.
Veja a entrevista na íntegra:
Qual o objetivo geral do curso e como ele pretende qualificar as pessoas para o entendimento sobre o que é a China e como são as relações com o país?
O objetivo é apresentar a um público diverso algumas características essenciais de política, economia, negócios, cultura e organização social da China contemporânea. Fornecer uma visão completa e aprofundada nesses aspectos, para o futuro especialista, numa dinâmica crítica e reflexiva, para tirar preconceitos que o público tem em relação à China. A ideia é preparar o profissional para compreender a relação com uma cultura diferente, com um processo de formação de civilização com cinco mil anos, que é próprio e diferente do ocidental. Temos uma página https://www.pucminas.br/Pos-Graduacao/IEC/Cursos/Paginas/China-Contempor%C3%A2nea.aspx só para explicar o curso, onde está tudo mais bem detalhado.
Que importância o senhor atribui a esta formação, no momento histórico que vivemos?
Isso, logicamente, tem impacto na relação com esse país, que desde 2009 é o principal parceiro comercial do Brasil. Também é preciso apresentar aos profissionais os impactos globais da ascensão chinesa em diferentes esferas, como tecnológica, cultural e comercial. Além disso, é preciso alicerçar as análises de cenário, para que as pessoas saibam o que acontece na China, que hoje é um centro como a Europa ou os Estados Unidos. O que acontece lá, tem implicações na economia global. O cenário cultural, social e político que envolve a China tem repercussão mundial, e por isso é necessário entendê-lo e acompanhá-lo.
Que profissões precisam mais deste conhecimento?
O profissional tem que ter conhecimento, independentemente das áreas. Acadêmico, comércio exterior, comunicação, empresas com ligação direta ou indireta com a China. A primeira turma que nós recebemos, neste semestre, tem estudantes formados em diversas áreas. Advogados, empresários, acadêmicos. Em comum, percebe-se a necessidade de enfrentar a desinformação que ainda existe sobre a China, o que gera ainda muitos preconceitos. A única forma de combater isso é com conhecimento, produção de conhecimento.
O estudo do mandarim abre portas para o mercado de trabalho?
Claro. Assim como saber inglês abre portas, a partir de agora, todo o conhecimento sobre a China abre portas, e o conhecimento do mandarim é essencial. No nosso curso, não abordamos o mandarim, mas vamos desde a história da China até o cenário de negócios do país. É possível ter uma abordagem profunda e livre de preconceitos.
O senhor acredita que o cenário multipolar está mais próximo? Ou pode acontecer um arrefecimento das economias emergentes, como ocorreu com os demais emergentes asiáticos nos anos 1990?
É um cenário completamente diferente. O crescimento econômico de Japão e Coreia do Sul até os anos 1990 foi atrelado à economia ocidental, no processo após a Guerra Fria que chamavam de “globalização”. O mundo já é outro e o protagonismo do Brics representa uma mudança mais ampla na geopolítica, pois são crescimentos autônomos política, cultural e socialmente.