Um dos marcos na relação diplomática entre Brasil e China foi o apoio do governo brasileiro à entrada do país asiático na Organização Mundial do Comércio (OMC), em 1995, logo após a fundação do órgão.
O Brasil foi um dos primeiros países a iniciar negociações bilaterais com a China visando a sua entrada na OMC. Em 1999, os dois países assinaram um acordo bilateral que estabelecia os termos de acesso da China ao mercado brasileiro. Esse acordo foi considerado um marco nas negociações, pois serviu como modelo para outros países que também estavam tratando com a China.
Somente em 11 de dezembro de 2001, o ingresso da China na organização foi aprovado como membro efetivo. Foram cerca de 15 anos de negociação. Entre 1995 e 2001, o Brasil forneceu importante apoio político à China durante o processo de negociação para a sua entrada na OMC.
Antes disso, o país se manifestou favoravelmente à adesão chinesa em diversas ocasiões, tanto em fóruns internacionais quanto em contatos bilaterais. Também foi dos principais articuladores da iniciativa, que resultou na “Declaração de Doha” (2001), documento que definiu as diretrizes para a conclusão das negociações com a China.
O Brasil também ofereceu à China cooperação técnica para auxiliar o país asiático na adaptação às regras e normas da OMC. Essa cooperação incluiu a realização de treinamentos, workshops e seminários sobre diversos temas relacionados ao comércio internacional.
Ser parte da OMC foi uma importante decisão do governo chinês de reinserir o país na arena do comércio mundial. A entrada da China na Organização foi consequência da opção de seu governo em adaptar seu modelo para a “economia de mercado” e estabilizar as relações comerciais com os demais países.
Ao transformar o comércio internacional em ponto central da sua política de crescimento, a China necessitava da garantia da OMC que suas exportações não seriam discriminadas. Ao mesmo tempo, possibilitou que a China exportasse para um mercado cada vez maior.
Do ponto de vista econômico, desde a entrada na OMC, a China passou de sexta para segunda economia do mundo (deverá ser a primeira antes do fim desta década). Também viu o índice de pobreza extrema da sua população passar de 32% em 2002 para 0,5% a partir de 2016, de acordo com dados do Banco Mundial.
A OMC
Fundada em 1995, a OMC tem como objetivo levar aos países a uma maior cooperação na economia mundial. É o principal órgão internacional de regulamentação comercial. Também regula as relações comerciais por meio do cumprimento de seus acordos, que podem ser multilaterais e plurilaterais.
Os multilaterais são vinculados a OMC e os países membros da organização devem aceitar os termos sem exceção. Já os acordos plurilaterais são facultativos, cabendo aos os países membros aderir a eles ou não. Atualmente, a OMC possui 164 países membros, divididos em três grupos conforme seu nível de desenvolvimento econômico: desenvolvidos, em desenvolvimento e menos desenvolvidos.