O valor de produção da indústria de ficção científica (sci-fi) da China atingiu cerca de 36,3 bilhões de yuans (US$ 5,6 bilhões) no primeiro semestre de 2021.
O mercado de leitura de sci-fi movimentou 1,4 bilhão de yuans, um crescimento anual de 12%, mostraram os dados de um relatório divulgado na atual Convenção de Ficção Científica da China (CSFC, na sigla em inglês).
A indústria de sci-fi do país gerou 55,1 bilhões de yuans em 2020, indica o levantamento, acrescentando que a leitura digital e áudio também registraram um incremento rápido.
CSFC
Nesta terça-feira, 5, encerrou a CCSFC, que teve início em 28 de setembro. O evento deste ano exibiu um grande número de realizações inovadoras nas áreas de tecnologia de informação de nova geração, inteligência artificial e equipamentos de ponta relacionados com a indústria de ficção científica.
A convenção teve fóruns e seminários sobre o cultivo ecológico e o layout industrial da propriedade intelectual de ficção científica da China, bem como o desenvolvimento da ficção científica emergente.
A CSFC é realizada há cinco anos consecutivos, servindo como uma plataforma abrangente para intercâmbio e comunicação dentro da indústria de ficção científica.
Mercado literário lança 200 títulos por ano
O rol de nomes na China voltados à ficção científica cresceu muito na última década. A média é de 200 títulos lançados anualmente.
Em geral, os temas chineses não diferem tanto dos ocidentais – exploração do espaço, contato com extraterrestres, cidades futuristas e desastres ambientais. “Há mais diversidade nos últimos anos. Alguns escrevem sobre vidas em família, outros sobre história antiga. Tem até história sobre o rock”, disse o autor Hao Jingfang.
Ao mesmo tempo, a nação asiática oferece seu tempero próprio, tanto no conteúdo quanto na forma das narrativas. Muitos títulos estão chegando à língua portuguesa.
Um dos grandes sucessos recentes do gênero, “O problema dos Três Corpos” já está disponível no Brasil pela editora Suma, selo da Companhia das Letras. O livro está sendo adaptado pela Netflix, em um projeto conduzido pelos mesmos criadores da série “Game of Thrones”.
A trilogia do consagrado autor Cixin Liu conta a história do primeiro contato da humanidade com uma civilização alienígena. O primeiro título foi publicado em 2008 e tornou-se uma das séries de ficção científica mais populares da China. Com o provável sucesso da série da Netflix, a tendência é popularizar mundialmente a ficção científica de autores chineses.
O interesse local pelo gênero pode ser explicado de mais de uma forma. Liu acredita que isso se deve, em parte, à rápida modernização do país, o que deixa a população de olho no que pode vir a seguir. É um processo similar ao que ocorria na Europa de Júlio Verne e H.G. Wells ou, mais recentemente, com a chegada do homem ao espaço, multiplicaram-se obras como as americanas Star Wars e Star Trek.
A obra “Terra à Deriva” (Wandering Earth), de Liu, foi adaptada para o cinema em um dos filmes chineses mais elogiados pela crítica internacional. Também foi sucesso de público, com arrecadação mundial na casa dos US$ 700 milhões. Tornou-se, assim, a quarta maior bilheteria de todos os tempos para filmes que não são de língua inglesa.
O filme estreou nos cinemas da China em fevereiro de 2019. No Brasil está disponível na Netflix.