As primeiras moedas apareceram por volta do século VI a. C., na China. Durante a dinastia Chou (1122-256 a.C.) eram usadas moedas de bronze com formas variadas: peixe, chave ou faca (Tao), machado (Pu), concha e, a mais conhecida, o Bu, que tinha a forma de uma enxada.
As formas das moedas vinham das mercadorias e objetos que possuíam valor de troca. Nessas peças eram gravadas o nome da autoridade emitente e o seu valor.
Escavações arqueológicas nas ruínas de Guanzhuang — na província oriental de Henan — revelaram o que se acredita ser a mais antiga casa da moeda conhecida.
No local, as pequenas moedas que se assemelham a uma “pá em miniatura” foram produzidas em massa há cerca de 2,6 mil anos. Conforme a revista científica Antiquity , isso demonstra que as primeiras moedas de fato foram cunhadas na China, e não na Turquia ou na Grécia, como se acreditou por muito tempo.
Na antiga cidade murada de Guanzhuang, fundada por volta de 800 a.C., havia uma fundição, que moldava o bronze para criar armas e ferramentas de bronze. Entre 640 a.C. e 550 a.C. o local passou a fazer moedas. Segundo Hao Zhao, arqueólogo da Universidade de Zhengzhou e autor principal do artigo, utilizando-se técnicas de datação por radiocarbono, foi demonstrado que esse pode ser considerado “o mais antigo local de cunhagem do mundo com datação determinada”.
Nas escavações, foram encontradas duas peças com formato semelhante a ferramentas de jardinagem em miniatura, além de dezenas de moldes de argila utilizados em sua fundição. Uma das moedas estava em condições quase perfeitas de conservação. Ela tem cerca de 15 centímetros de comprimento e 6 centímetros de largura, pesando cerca de 27 gramas.
Moedas redondas
Essas antigas moedas chinesas eram usadas como um meio de troca, funcionando apenas como uma medida de valor. Ou seja, o propósito não era armazenar valor, pois os chineses acreditavam que elas precisavam “circular” na estrutura social.
Quando passaram a ser usadas, seu valor era igual ao seu peso. Por volta de 210 a.C, o primeiro imperador da China, Qin Shi Huang (260-210 aC), aboliu todas as outras formas de moeda local e introduziu a de cobre.
Somente no século IV a.C. a cunhagem passou por uma transição na China, adotando-se um disco redondo de chumbo, com um orifício no centro, que tinha valor de pagamento.
Outro aspecto que modificou seu uso foram as primeiras ocorrências da inflação na China naquela época, principalmente pelo recrutamento massivo de trabalhadores que construíam a Grande Muralha, além de uma série de guerras.
Por causa do baixo valor de uma única moeda, passou a ser comum formar uma série de 1000 moedas em uma unidade de compra. Utilizava-se uma espécie de cordão que perpassava as moedas.
Uma moeda chinesa do século 5 a.C.
Dinheiro de papel
A introdução das primeiras versões do papel-moeda na China ocorreu no século IX. Essa foi uma das muitas utilizações do papel, criado pelos chineses em 105 d.C.
As notas de papel foram usadas pela primeira vez pelos chineses, que começaram a lidar com notas de dinheiro durante a Dinastia Tang (618-907 d.C.) A invenção foi aperfeiçoada por volta do ano 1000 na província chinesa de Sichuan. Naquela época, Sichuan fazia fronteira com países vizinhos que por vezes eram hostis. As autoridades chinesas não queriam que ouro e prata fossem parar no exterior. Por isso, impuseram a lei de que Sichuan usaria apenas moedas de ferro. O problema era a disparidade de valores: um punhado de moedas de prata, por exemplo, era equivalente a uma grande quantidade das moedas de ferro.
Assim, criou-se o papel-moeda, como forma de evitar fuga de divisas. Elas eram chamadas de Jiaozi e funcionam como notas promissórias. Ao invés de se carregar centenas de moedas de ferro, um comerciante fazia uma promessa por escrito que pagaria as contas em outro momento, quando a transação fosse mais conveniente para todos.
Essas notas, feitas de cascas de amoreira, continham a assinatura de diversas pessoas. Sua autenticação era um selo vermelho, usado pelo imperador Kublai Khan, que governava a região. Quando o explorador italiano Marco Polo chegou à China, no século XIII, ficou impressionado com o uso de papel-moeda. Ele descreveu essa incrível inovação em seus registros de jornada no “Livro das Maravilhas do Mundo”. No livro de Marco Polo, o registro está no capítulo “Como o grande Kahn faz com que a casca de árvores, convertida em algo similar a papel, passe como dinheiro em todo o país”.
A inovação não era apenas o material utilizado. Afinal, seu valor, ao contrário de moedas de ouro e prata, vinha da chancela das autoridades do governo. Quando Marco Polo voltou para a Itália, muitas pessoas não acreditavam nas histórias sobre o uso papel-moeda na China. Apenas séculos mais tarde o Ocidente começou a imprimir notas em papel, mais especificamente em 1661, na Suécia.
O governo chinês criou as primeiras cédulas de papel por volta do ano 89. As moedas eram guardadas em um lugar e os papéis com o valor correspondente era emitido, como um sistema bancário. Os certificados que ficaram conhecidos como moeda-papel e podiam ser utilizados em qualquer transação.
Atualmente, a moeda utilizada na China e o RMB (ren min bi), que significa “moeda do povo” e o símbolo utilizado é ¥. A unidade principal é o Yuan, sendo que cada Yuan pode ser dividido em 10 jiǎo (角), que são subdivididos em 10 fēn (分), que seriam como os centavos de Real. Desde 2022 já circula no país o yuan digital (e-CNY.), uma forma de criptomoeda administrada pelo banco central da China que utiliza um sistema de blockchain.