A invenção do papel, como o conhecemos, ocorreu na China, durante a Dinastia Han, por volta de 105 d.C. Ts’ai Lun (ou Cai Lun), diretor das Oficinas Imperiais em Luoyang, usou resíduos têxteis prensados para formar folhas. Acredita-se que o surgimento foi acidental depois que roupas feitas de cânhamo foram deixadas muito tempo após a lavagem e um resíduo se formou na água que acabou sendo a matéria-prima de um novo material.
Tiras de bambu ou madeira e seda foram usadas durante séculos como superfície para escrever. O papel surgiu como uma alternativa mais leve e barata. Sendo mais fácil de produzir que os materiais usados até então, o papel ajudou a espalhar a literatura e a alfabetização. Os estudiosos chineses valorizavam muito a escrita e viam no papel um meio eficiente de preservar seus conhecimentos. O acesso facilitado ao papel também permitiu que mais pessoas aprendessem a ler e escrever, contribuindo assim para o avanço da educação na China antiga.
O novo material também foi usado para muitos outros propósitos, como a prática artística. A pintura em rolos de seda era comum entre os chineses, mas com a introdução do papel, as técnicas tradicionais de pintura em tinta da China floresceram.
Outro uso interessante do papel entre os chineses estava relacionado às tradições religiosas. Durante festividades como o Ano Novo Chinês ou Qingming (Festival dos Túmulos), é costume queimar dinheiro feito de papel para honrar os ancestrais falecidos ou oferecer aos espíritos protetores. Essa prática simbólica é considerada uma maneira de garantir boa sorte e proteção espiritual.
Evolução e usos diversos
Com o tempo, diferentes fibras foram experimentadas para fazer papel e, portanto, a qualidade aumentou muito no final do período Han (206-220 dC). Fibras de plantas diversas, caules de gramíneas, matéria vegetal, casca de árvore e até trapos foram usados e misturados em uma busca constante de experimentação para encontrar a forma mais barata de materiais que produzisse um papel da mais alta qualidade.
O papel de cânhamo inicial foi substituído por fibras de bambu como a matéria-prima mais comum a partir do século VIII dC. Uma das principais razões para a substituição foi o crescimento mais rápido que o cânhamo e, portanto, era uma opção significativamente mais barata. A partir da Dinastia Song (960-1279 dC) as técnicas de produção de papel tornaram-se ainda melhores e a principal matéria-prima passou a ser a casca cozida da amoreira.
Materiais, técnicas e preferências variavam de região para região, mas havia tratados úteis escritos sobre o assunto, sendo o mais antigo de Su I-chien (957-995). Papéis especiais com textura e coloração atraente eram reservados para caligrafia e arte. Esses tipos eram feitos com arroz, palha de trigo, casca de sândalo, talos de hibisco e até algas marinhas.
A invenção do papel ajudou muito na disseminação da literatura e da alfabetização, tornando os livros mais convenientes de usar e mais baratos. Os estudiosos das academias imperiais recebiam milhares de folhas de papel todos os meses pelo governo. Além disso, a combinação de pincel, tinta e papel estabeleceria a pintura e a caligrafia como as áreas artísticas mais importantes da China pelos próximos dois milênios.
Com a invenção da impressão como tipos móveis na China, a partir do século XI ou XII d.C., a demanda por papel disparou, especialmente de estudiosos e templos budistas. No século X d.C., quando houve o renascimento neoconfuciano, a impressão de clássicos de Confúcio cresceu imediatamente. A partir de então o papel precisava ser mais grosso para resistir aos pesados blocos de metal, mas as duas invenções – a prensa e o papel – revolucionariam a comunicação e permaneceriam incontestáveis como meio de enviar e armazenar informações até a chegada do computador.
Além de seu uso para escrita e livros, o papel foi usado para produzir mapas topográficos e militares a partir da dinastia Han. Outros usos do papel incluíam como embalagem para itens delicados, como remédios e como papel de embrulho, especialmente para pacotes de chá. O papel era amplamente usado para fazer chapéus, endurecido, era usado para armaduras e diluído poderia ser usado para cobrir janelas.
Após o aumento do comércio, o sistema de escambo, ou a troca de um material por outro, foi substituído na China por um sistema onde rolos de seda ou lingotes de ouro podiam ser usados para pagar qualquer outro tipo de mercadoria. Para trocas menores, a cunhagem pequenas moedas mostrou-se mais prática. Como o comércio e o número de pessoas envolvidas cresciam cada vez mais, um método de pagamento ainda mais conveniente foi criado, com o surgimento do dinheiro, no formato papel-moeda.