Apesar de todas as promessas do Google em lançar carros autônomos, até agora não há sinais de que a empresa conseguirá colocar na rua automóveis sem motoristas que funcionem com um sistema totalmente seguro.
Na China, onde a internet funciona de maneira diferente, a Baidu há anos é a maior empresa de pesquisa e tecnologia na Internet. Essa potência chinesa em breve poderá mudar os rumos da indústria automobilística, entregando o que o Google e outras grandes empresas como Uber já tentaram.
A Baidu, em parceria com a Geely – uma das maiores montadoras da China e proprietária da Volvo – anuncia a criação da marca Jidu, que fabricará veículos elétricos e autônomos.
O protótipo do Jidu Robo-1, um SUV com o design futurista, é bem diferente do que circula nas ruas das cidades em todo o mundo. Por exemplo, não tem maçanetas e as portas são abertas por um sistema de reconhecimento do motorista.
As portas dianteiras abrem para cima, no modelo “gaivota”, usada em carros esportivos de alto luxo. Seus faróis são verticais e utilizam tecnologia para projetar alguns desenhos, como um boneco que atravessa a rua, o que lhe permite automaticamente dar preferência aos pedestres na via.
O automóvel da Jidu vai fazendo projeções em 3D do caminho. Para isso, utiliza um conjunto de lidares (sistema de radares a laser), escondidos sob o capô e na asa traseira, que escaneia o trajeto e transmite as informações para a tela central de comando. Com isso, consegue prever aproximação de outros veículos e eventuais bloqueios na pista, impedindo os acidentes.
A empresa explica que já tem cerca de 17 milhões de horas acumuladas em testes do sistema de piloto automático. Xia Yiping, CEO da Jidu, assegura que a tecnologia utilizada nos seus algoritmos é comparável ao supercomputador desenvolvido pela pela Tesla para aprimorar o seu AutoPilot.
Existe uma expectativa que o esperado sucesso do carro-robô chinês possa mudar os rumos da indústria automobilística.
Sistema integrado de cidades inteligentes
Tu Le, gerente-geral da Sino Auto Insights, empresa de engenharia do setor automobilístico, explicou à revista de tecnologia Wired que a indústria automobilística da China está produzindo carros elétricos em um ritmo muito mais rápido do que o resto do mundo devido às políticas governamentais e pela disposição dos chineses em adotar novas tecnologias.
As vendas de veículos elétricos aumentaram 169% em 2021 em relação ao ano anterior no país, segundo dados da China Passenger Car Association. No ano passado, os carros elétricos representaram 14,8% das vendas de automóveis no país, em comparação com 4,1% nos Estados Unidos. As montadoras chinesas também estão exportando um número crescente de veículos elétricos para a Europa.
Na mesma reportagem, Mingyu Guan, sócio da consultoria McKinsey & Company, focada nesse setor, explica que a maioria das grandes empresas chinesas de internet está desenvolvendo tecnologia automotiva, de uma forma ou de outra. “A China é como um farol para guiar a indústria”, explica.
O salto da Baidu para a fabricação de automóveis com a Jidu tem a ver com o desejo de se dedicar à chamada “tecnologia profunda”, que inclui sistemas de inteligência artificial (AI) e direção autônoma. Os resultados trimestrais mais recentes do Baidu, divulgados em maio, mostram que a receita da sua divisão AI Cloud cresceu 45% no primeiro trimestre de 2022.
Além de investimentos significativos, nos últimos anos a Baidu vem recebendo incentivos governamentais para desenvolvimento de sistemas de condução autônoma. A empresa possui várias patentes exclusivas relacionadas à essa tecnologia. Desde o ano passado, o Apollo Go, serviço de táxi autônomo do Baidu, vem operando e já cobre 700 cidades chinesas.
O Apollo também integra uma plataforma de cidades inteligentes vendida pela Baidu, sendo adotado por 41 cidades. O sistema baseado em coleta de dados e AI ajuda as autoridades locais a prever e gerenciar congestionamentos, fortalecer a segurança rodoviária e diminuir a poluição.
. * Com informações de Wired