A China experimenta um verdadeiro boom de literatura xieshou (literalmente “mãos que escrevem”). O termo é utilizado para falar dos escritores independentes que usam plataformas online para conquistar o público. Esses sites apostam no sistema pay-per-view, onde o leitor paga pelo acesso a uma obra ou autor específico.
Os gêneros mais populares são ficção científica, fantasia e romance. Esses novos autores chineses se inspiram em heróis da história do país. Geralmente apresentam personagens com as mesmas características de um herói lendário ou de contos folclóricos tradicionais.
“As figuras heroicas que salvam o mundo e a humanidade, retratadas no trabalho de muitos escritores da internet, em essência, são iguais aos heróis das nossa história”, explica a vice-presidente da Associação de Escritores de Xangai, Xue Shu.
Essa nova literatura chinesa mantém a tradição cultural do país de contar histórias cativantes. Entre os títulos mais procurados, estão os “romances seriados”. São livros publicados online e atualizados continuamente, com várias obras chegando a centenas ou até mesmo milhares de capítulos.
Principal plataforma
Surgida em 2017, a principal plataforma xieshou é a Qidian. Ela foi idealizada pela empresa China Reading (antiga Tencent Literature), que apostou no sucesso da literatura em formato eletrônico, indo além dos e-books. Além do mandarim, há livros de autores chineses em inglês, no site-irmão Webnovel.
A Qidian possui cerca de 25 milhões de obras literárias disponíveis e contabiliza mais de 450 milhões de leitores ativos. A maioria das obras literárias online são exclusivas e cobrem cerca de 200 gêneros, oferecendo opções para todos os tipos de gostos.
Wu Wenhui, CEO da China Reading, disse na época do lançamento da plataforma que o objetivo era “levar o deslumbrante mundo da literatura chinesa online para a audiência global, promovendo um aumento de interesse e ajudando a compartilhar elementos da cultura chinesa tradicional e moderna com o mundo”.
Muitos dos livros que fizeram sucesso online também acabaram licenciados para impressão para editoras no Japão, Coreia do Sul, Tailândia, Vietnã, Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e Rússia.