Foto de capa: Leo Lara / Divulgação
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O Ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou que está negociando com a Inglaterra a compra de kits de testagem para o coronavírus. A declaração foi feita durante uma videoconferência com empresários do setor varejista realizada ontem. O objetivo é testar 40 milhões de brasileiros por mês. Segundo Guedes, a ideia é confirmar quais pessoas já tiveram a COVID-19, mesmo que não tenham apresentado nenhum sintoma. Numa próxima etapa, as pessoas imunizadas poderiam voltar à atividade normal, inclusive ao trabalho, deixando o isolamento social apenas para aquelas que não tiverem sido infectadas. Os resultados darão ao governo mais segurança sobre os dados do contágio para planejar a volta gradativa da atividade econômica no país no futuro.
O Brasil ultrapassou a marca dos 10 mil casos confirmados de coronavírus, e o Estado de São Paulo continua sendo o mais afetado no país. O governo paulista projetou 220 mil casos de infecções e prepara pedido de empréstimo de US$ 100 milhões – mais de R$ 500 milhões – ao Banco Mundial para ações de combate à doença. Entre as propostas estão a instalação e custeio de pelo menos 500 novos leitos de UTI, a compra de testes de diagnóstico, além de desenvolvimento de tecnologia de telemedicina e de aplicativos para dispositivos móveis. A Secretaria de Saúde estadual estima que ao menos R$ 1,2 bilhão extra será preciso para enfrentar a doença, o que torna o financiamento do Banco Mundial “muito significativo”.
O Ministério da Saúde atualizou seu boletim diário com dados do COVID-19 no país. Foram contabilizados 11.830 casos de pessoas infectadas e 486 mortes em decorrência da doença. O Brasil tem a 8ª taxa de letalidade mais alta no mundo, quando verificado o número de pessoas contaminadas e aquelas que faleceram. Atualmente, o índice no país está em 4,2%. Nos Estados Unidos, que têm mais de 300 mil casos confirmados e mais de 8 mil mortes, essa taxa é de 2,7%.
A Itália é o país com maior índice de letalidade: 12,3%, ou seja, de cada 100 pessoas contaminadas, 12 morreram. No Reino Unido, a letalidade é de 10,3%. A Espanha registra hoje 9,4% de índice de letalidade. O número diário de mortes em território espanhol caiu pelo 3º dia neste domingo. Esse é o menor número dos últimos 10 dias. O diretor da Organização Mundial de Saúde na Europa disse que há motivo para um “otimismo cuidadoso” e que isso é resultado de abordagens inovadoras e decisões corajosas.
O presidente Donald Trump se envolveu em mais uma polêmica. Um dia depois de invocar a Lei de Produção de Defesa de 1950 para forçar a 3M a aumentar o ritmo de fabricação de máscaras usadas pelos profissionais médicos que tratam de pessoas infectadas pelo coronavírus, a gigante industrial alertou para os possíveis impactos da medida para o resto do mundo.
A 3M, que é uma das maiores fabricantes de máscaras do mundo, disse que vem ampliando a sua capacidade de produzir o equipamento, atendendo a uma demanda do próprio governo estadunidense. Isso inclui ainda a importação de milhões de máscaras de unidades da empresa na China. Contudo, a 3M questiona uma segunda parte da ordem de Trump, que é bem clara ao exigir que a empresa suspenda todas as exportações de máscaras, hoje destinadas principalmente à América Latina e ao Canadá.
A declaração da empresa chega depois de denúncias feitas por autoridades de diversos países de que os Estados Unidos estariam fazendo “pirataria moderna” ao confiscar o embarque de equipamentos médicos da China para outros países. Os casos denunciados teriam ocorrido com encomendas feitas pela Alemanha, pela França e pelo Brasil.
Ficar isolado em casa tem sido uma tarefa desafiadora para algumas pessoas, e a vontade de dar uma “escapadinha” inocente aumenta. Especialistas alertam para os problemas coletivos que a quebra na quarentena podem causar. Um deles é o impacto que a saída rápida causa nas outras pessoas, que podem ver a exceção como um precedente. Uma ida à padaria, por exemplo, pode instigar outras pessoas a fazerem o mesmo. Logo, todos estarão nas ruas de volta às suas rotinas, com o pretexto de que “é coisa rápida”. Além disso, infectologistas reforçam que, mesmo sem sintomas, as pessoas podem estar contaminadas, e em uma escapadinha para a rua podem contaminar outras. A nova realidade exige um período de adaptação, mas é essencial para prevenir a disseminação do vírus.
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