Foto de capa: Aly Song/Reuters
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O Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, garantiu que o Brasil poderá contar com o apoio da China no combate à COVID-19, mesmo após os recentes incidentes diplomáticos entre os dois países envolvendo membros do Governo Federal. A declaração foi feita durante coletiva realizada ontem. Mandetta explicou que assegurou a parceria em uma conversa com o embaixador da China no Brasil, e que o ‘esforço comum’ ajudará na busca e aquisição de suprimentos médicos produzidos por empresas chinesas para proteção individual.
Depois de mais de 10 semanas, a China encerrou hoje o confinamento de Wuhan, cidade onde surgiu o surto do novo coronavírus. Mas a normalidade agora é outra: autoridades locais continuam a regular as idas e vindas da população, e mesmo as empresas que reabriram, sabem que enfrentarão um caminho difícil pela frente. Os transportes públicos voltaram a funcionar, mas escolas, bares, restaurantes, salas de jogos e karaokês continuarão fechados.
O crescimento de ocorrências de fake news sobre a epidemia também tem preocupado o Ministério da Saúde. O Ministro reforçou que a população deve se informar pelas fontes oficiais, como os pronunciamentos dos membros da Pasta, evitando se deixar levar por dados sem checagem e com origem duvidosa. Mandetta alertou ainda para a existência de uma conta falsa no Twitter que usava seu nome para publicar mensagens e opiniões não condizentes com as suas.
Várias empresas já montaram estratégias para combater a disseminação das fake news. O WhatsApp aumentou mais uma vez as restrições para encaminhamento de mensagens e links no aplicativo. Agora, mensagens que já foram encaminhadas várias vezes só poderão ser reencaminhadas para uma pessoa por vez. Antes, o limite era de cinco. A Google anunciou a doação de mais de US$ 6,5 milhões para organizações de checagem de fatos e entidades sem fins lucrativos que estão atuando nesta área. O objetivo é ampliar o apoio às instituições, jornalistas, cientistas, pessoas públicas e plataformas tecnológicas que levam ao público as informações corretas e obtidas de fontes verídicas e respeitadas.
O Brasil possui 15.927 casos confirmados e 800 mortes em decorrência do COVID-19. Os dados foram divulgados no novo balanço do Ministério da Saúde, compartilhado na tarde de hoje. A Pasta disse que não há um levantamento sobre quantos testes já foram feitos no país, apenas afirmou que distribuiu 58 mil testes de biologia molecular (conhecidos como PCR), que levam mais tempo para ter um resultado mais preciso, e 500 mil testes rápidos, que dão resposta em até 20 minutos mas têm limitações.
A realização de testes em uma parcela grande da população permite isolar infectados e ter números mais reais sobre a taxa de infecção em uma cidade, em um estado ou país, e elaborar políticas de saúde a partir desses dados. No Brasil, como só pessoas em quadros graves são testadas, há muitos casos de subnotificação.
Os óbitos suspeitos de coronavírus sem a confirmação precisa da causa se tornaram uma triste rotina nos hospitais do Brasil, onde faltam testes de detecção da doença para os vivos e também para os mortos. Famílias estão sendo obrigadas a enterrar seus entes queridos sem velório e em caixões lacrados sem saber se eles de fato foram vítimas da COVID-19. Essa realidade comprova a defasagem entre o número oficial divulgado pelo Ministério e os dados reais. Entre casos de mortes confirmadas e suspeitas de coronavírus, os cartórios registraram 748 óbitos do início da pandemia até ontem.
O médico Walter Ricciardi, assessor do Ministério da Saúde da Itália e representante do país na Organização Mundial da Saúde, declarou que a lição que o seu país tem para passar ao Brasil no combate ao novo coronavírus é “agir imediatamente”. Ricciardi também critica a estratégia do isolamento vertical, já defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, dizendo que isso “subestima o impacto da epidemia em vidas humanas”.
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