Foto de capa: Barcroft Media/Getty Images
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O avanço da pandemia de coronavírus nos últimos dias intensificou a pressão sobre o sistema de saúde de capitais pelo país. A situação se agravou naquelas que concentram o maior número de mortos pela doença COVID-19. Em São Paulo, ao menos cinco hospitais operavam com a capacidade total de atendimento nas UTIs até ontem, sendo um deles o Emílio Ribas, referência no tratamento de doenças infectocontagiosas.
Depois de 1 mês do primeiro óbito registrado na cidade, a capital paulista registra óbitos em todas as regiões do município – em especial, nas periferias. De acordo com a Secretaria da Saúde Municipal, é longe do centro que estão os maiores números de óbitos suspeitos e confirmados da COVID-19. Até este sábado, das 686 mortes ocorridas na cidade, ao menos 51 foram no distrito de Brasilândia, na zona norte, e 48, no de Sapopemba, na zona sudeste, seguidos por São Mateus e Cidade Tiradentes, ambos na zona leste e com 36 óbitos respectivamente.
Outro recorte social do coronavírus no epicentro da pandemia no Brasil mostra que tanto entre os casos confirmados quanto entre os suspeitos, as mulheres de 30 a 39 são a maioria, seguidas pelas de 40 a 49 anos. A médica Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz, afirmou que vê uma tendência de “rejuvenescimento” do vírus no Brasil em relação a outros países por causa da distribuição etária.
A Prefeitura de São Paulo deve mudar seu protocolo de atendimento na próxima semana e internar pacientes com sintomas leves de COVID-19. Até hoje, quem apresentava esse tipo de quadro era mandado para casa com orientação para ficar isolado de seus familiares. Agora, pode ser encaminhado ao hospital de campanha do Complexo do Anhembi, na zona norte. A mudança se mostra necessária depois da constatação que há grande volume desses pacientes que voltam a procurar a Saúde já com um quadro agravado de dificuldade respiratória, precisando de auxílio mecânico para respirar e de vagas em UTI.
No Rio de Janeiro, as quatro principais emergências não têm mais vagas de UTI disponíveis: Hospitais Albert Schweitzer, Salgado Filho, Souza Aguiar e Miguel Couto estão com todos os leitos ocupados, enquanto outros estão perto do limite da capacidade. O prefeito da cidade, Marcelo Crivella, detalhou em coletiva de imprensa realizada hoje o decreto sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras na cidade. A partir de amanhã, os equipamentos deverão ser usados em todos espaços públicos da capital, como ruas, praças e prédios, assim como em deslocamentos no transporte coletivo público e privado, e em estabelecimentos comerciais autorizados, como mercados e farmácias.
Diante da falta de espaço para armazenar corpos de pacientes que morreram em um hospital da cidade, o governo de Manaus instalou um contêiner frigorífico para armazenar cadáveres. A cidade ganhou neste sábado o reforço de um novo hospital para o atendimento de vítimas da epidemia. O Hospital Nilton Lins possui 16 leitos de UTI e 66 leitos clínicos. Além disso, a Prefeitura de Manaus anunciou a abertura de inscrições para contratação temporária de 320 profissionais de saúde nas funções de farmacêutico, fisioterapeuta, técnico em patologia clínica e técnico em enfermagem.
As medidas de isolamento social impostas em boa parte dos estados brasileiros quando ainda havia poucos casos confirmados do novo coronavírus se mostraram eficientes para atrasar a propagação da infecção, mas o relaxamento da quarentena ameaça antecipar um colapso nos sistemas de saúde de diversas cidades do país.
Segundo Alberto Chebabo, diretor médico do hospital da UFRJ, na última semana o número de pacientes aumentou exponencialmente e a projeção é que as duas próximas semanas sejam de “caos completo”. De acordo com Chebabo, o retrato é bem parecido com o visto na Itália, na Espanha e também nos Estados Unidos.
EUA possuem mais de 700 mil pessoas infectadas
Os Estados Unidos registraram 29.002 novos casos do novo coronavírus nas últimas 24 horas, de acordo com os dados mais recentes do Centro de Controle de Doenças. De acordo com o monitoramento feito pela Universidade John Hopkins, de Washington, o país chegou a mais de 716 mil pessoas infectadas pelo vírus e quase 36 mil vítimas fatais.
Ainda de acordo com o monitoramento da Universidade, os países que registraram mais mortes desde o início da pandemia ficam na Europa. A Itália segue como a região mais afetada, com mais de 23 mil óbitos. Pouco mais de 20 mil pessoas faleceram em decorrência dos sintomas da doença na Espanha. A França ocupa o 3º lugar no ranking, com 19,3 mil mortos, seguida pelo Reino Unido com quase 16 mil.
Animais domésticos e o coronavírus
Pesquisadores de todo o mundo têm conduzido estudos acerca do efeito do coronavírus em animais domésticos. Pouquíssimos casos de cães, gatos e outros felinos com a Covid-19 foram registrados no mundo desde o início do ano. De acordo com estudos recentes, felinos podem ser contaminados e transmitir o vírus para outros animais da mesma espécie. Entretanto, não há evidências até o momento de que os animais domésticos sejam vetor importante de transmissão da doença ou que representem alguma ameaça a humanos. A recomendação da OMS é lavar as mãos antes e depois de interagir com os animais, e manter distância do pet caso a pessoa esteja contaminada.
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