Macau é uma Região Administrativa Especial da China. No século XVI foi colonizada por Portugal e até hoje seus moradores falam português. Em 1999 voltou a fazer parte do território chinês, mas a tradição linguística se manteve forte.
Na verdade, o ensino universitário de português na China vem crescendo. Começou em 1960, em Pequim, e seis décadas depois é ensinado em 50 instituições. O professor Zhang Yunfeng, coordenador do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa (CPCLP) de Macau explica que o interesse pelo português não só não diminuiu desde a devolução de Macau à China, em 1999, mas registou um crescimento “enorme” nos últimos anos.
“Neste momento são aproximadamente 50 instituições de ensino superior onde o português é ensinado na China”, disse à agência Lusa. “É enorme, e este número aumentou muito nos últimos anos”, disse.
O professor lembra que, em 2000 havia apenas “três instituições de ensino superior” ensinando português na China continental, mas “muitos cursos foram criados em anos desde 2010″.
“Há cada vez mais alunos, mais professores, mais manuais, e o português da China também está a atrair cada vez mais a atenção do mundo”, garantiu Zhang, recordando o lançamento, no ano passado, da “primeira revista académica na área do português na Ásia, Orientes de Português”, criada pelo CPCLP, em colaboração com a Universidade do Porto, em Portugal.
Nascido na China continental, o professor, que trabalha há seis anos em Macau, depois de ter dado aulas em Pequim, fala fluentemente português, e é ele próprio um produto do sistema de ensino universitário da língua portuguesa no gigante asiático. “No meu caso, comecei a aprender português em Pequim: fiz a licenciatura e o mestrado em Pequim e depois fui estudar para Portugal”, explica.
Hoje em dia, a procura de cursos de português na China é grande, e a razão é simples: “Há mercado”.
“Neste momento, há muitas colaborações entre a China e os países de língua portuguesa, a vários níveis: economia, comercial, educação e cultura. Por isso, muitas universidades e instituições de ensino superior na China abriram cursos de português, e os alunos também querem conhecer melhor o mundo lusófono, conhecer melhor a língua e a cultura”, ressalta Zhang.
Para estes alunos, há muitas opções profissionais, em especial “em empresas chinesas que tenham uma grande colaboração com os países de língua portuguesa”. O Instituto Politécnico de Macau tem várias licenciaturas dedicadas ao português, tanto na área da formação de professores, como na tradução e interpretação de português-chinês. Além disso, a instituição ministra ainda uma licenciatura sobre as relações comerciais entre a China e os países de língua portuguesa, incluindo o Brasil.
Zhang avalia que um dos desafios atuais do ensino da língua portuguesa é a diversificação dos manuais e materiais pedagógicos. Ao mesmo tempo, a formação de professores na China é um grande desafio.
Muitos chineses que ensinam português na China são muito jovens, ainda estão a fazer mestrado e doutoramento, mas daqui a cinco ou dez anos o número de professores doutorados vai aumentar muito”, finaliza.