Foto de capa: Xinhua/Hu Huhu
O modelo educacional chinês, que promove a valorização dos professores, é famoso em todo o mundo. Andria Zafirakou, a melhor professora do mundo, segundo a Varkey Foundation, já declarou que a solução para a crise educacional vivida em diversos países é “ser como a China”. A política educacional chinesa, baseada na coerência e na inovação, garante que a educação seja motor de desenvolvimento, honrando sua cultura e história enquanto incorpora avanços.
Muito se fala no “segredo chinês” para o bem sucedido sistema educacional do país mas, na verdade, não há mistério. Desde o final da década de 1970 o governo faz investimentos massivos em educação. Novas escolas foram construídas, as instalações existentes foram melhoradas e o sistema foi reformulado para aumentar seu nível de qualidade. O professor é colocado no centro dessas políticas públicas, mantendo o foco destes profissionais na parte pedagógica e deixando os processos complementares da infraestrutura para outros colaboradores.
Xangai é um bom exemplo da valorização do professor na cultura chinesa. O governo instituiu um plano de carreira estruturado para os profissionais, com etapas bem definidas para seu desenvolvimento e com um processo evolutivo baseado em performance, avaliação e incentivos. Os professores recém-formados precisam garantir 360 horas de observação em sala de aula em até 5 anos. Esta etapa é conhecida como prática de estágio probatório, que pouco avançou no Brasil. Logo depois, os docentes passam por mais 540 horas de observação ao longo de outros 5 anos, como forma de incentivo ao desenvolvimento do pensamento crítico para resolver desafios do cotidiano escolar.
O incentivo ao aprendizado constante é um dos pontos fortes da política de valorização do professor na China. A média individual de tempo destinado à aprendizagem é de cerca de 68 dias por ano – mais do que dois meses, reforçando a importância da formação continuada. A estrutura de pesquisa por escola formada pelos docentes garante que eles resolvam seus desafios, conversem e criem sua comunidade com foco no aprendizado dos alunos. As pesquisas também incluem as habilidades socioemocionais, sempre com o cuidado para não ir na contramão das disciplinas de educação moral.
A qualidade do sistema de educação de Xangai, que lidera o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes há alguns anos, envolve, incentiva e cuida de seus professores. Dessa forma, os próprios docentes se entendem autonomamente como aprendizes eternos. Os profissionais da educação motivados, desenvolvem repertório prático, adequado e incorporado, garantindo boa performance para que todo o sistema se fortaleça e seja reconhecido.