Bancos centrais de todo o mundo liberam todos os dias estímulos fiscais e monetários em volumes sem precedentes. Os governos também decretaram medidas de apoio a empresas e pessoas ao longo deste mês para tentar conter os impactos econômicos e sociais da pandemia. Veja abaixo as principais iniciativas adotadas por alguns países:
Brasil
Medidas fiscais e econômicas: O Banco Central do Brasil anunciou o valor de R$ 1,2 trilhão (US$ 233,8 bilhões) para injetar liquidez por meio da compra de pacotes de carteiras de empréstimos bancários, além de novas regras que permitem aos bancos oferecerem empréstimos maiores e melhores condições para empresas e famílias. O Banco Central também vai intervir nos mercados de câmbio e em recompras de títulos soberanos em dólar.
O Governo Federal colocou em prática um programa de R$ 150 bilhões para auxiliar a população mais vulnerável e proteger empregos. O Congresso aprovou um decreto presidencial que declara emergência nacional em torno do coronavírus, permitindo ao governo renunciar às metas fiscais e liberar recursos orçamentários.
Estímulo para empresas: O governo colocou no ar o site do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda para empregador comunicar acordos com trabalhador. Anunciou recentemente uma Medida Provisória que permite governo custear a folha de pagamento das pequenas e médias empresas. Entre os benefícios para MPEs está também o adiamento do pagamento de impostos e do FGTS para os funcionários.
Ações para a população: Trabalhadores informais e autônomos terão auxílio de R$600 por até três meses, e mulheres que chefiam suas famílias poderão ter acesso ao dobro do valor. Para os idosos, a principal medida anunciada pelo Ministério da Economia foi a antecipação das duas parcelas do 13º de aposentados e pensionistas. Elas são pagas em abril e maio deste ano, liberando R$ 46 bilhões na economia.
China
Medidas fiscais e econômicas: Em fevereiro, o Banco Popular da China reduziu sua taxa de empréstimo por um ano para 4,05% após várias injeções de liquidez e outras flexibilidades políticas. Em março, o banco cortou as reservas que instituições financeiras são obrigadas a manter, liberando 550 bilhões de yuans (US$ 79 bilhões). Também fazem parte do pacote de medidas macroeconômicas do país: emissão de títulos do tesouro especial para governos locais, determinação de taxa de juros para baixo no mercado de empréstimos, determinação de cotas de reempréstimo e redesconto, e adiamento do pagamento de capital com juros.
Estímulo para empresas: A China ofereceu financiamento mais fácil para empresas de pequeno e médio porte, aumentando em 500 bilhões de yuans as cotas de renovação de empréstimos e descontos.
Ações para a população: Nos dois primeiros meses do ano, 5 milhões de pessoas perderam o emprego, segundo dados oficiais do país que refletem apenas a situação nas áreas urbanas. A China adotou uma série de medidas para fornecer apoio a essas pessoas. Até o final de março, o país alocou 9,3 bilhões de yuans (US$ 131,58 milhões) em seguro desemprego e emitiu uma diretriz para subsidiar os desempregados inelegíveis para o benefício.
Ao mesmo tempo, 67.000 trabalhadores migrantes sem emprego receberam um valor total de 410 milhões de yuans de subsídio de subsistência temporários. Os subsídios foram ampliados das regiões severamente afetadas pelo surto para o resto do país e cobrem todos os desempregados segurados.
Japão
Medidas fiscais e econômicas: O Gabinete do Japão anunciou na primeira semana de abril um pacote econômico de 108 trilhões de ienes (US$ 988,83 bilhões) para lidar com os efeitos da pandemia. O pacote inclui gastos fiscais de 39,5 trilhões de ienes.
Estímulo para empresas: O governo japonês anunciou gastos extras de 430,8 bilhões de ienes (US$ 4,1 bilhões), destinados principalmente a auxiliar as pequenas e médias empresas afetadas.
Ações para a população: O país anunciou repasses de 300 mil ienes a famílias que tenham sofrido forte perda de renda por causa do coronavírus, além de subsídios para os pais que são forçados a sair de licença por causa das escolas fechadas.
Coreia do Sul
Medidas fiscais e econômicas: O governo aprovou um orçamento suplementar de 11,7 trilhões de won (US$9,6 bilhões). O país anunciou também maior afrouxamento às principais regras de fluxo de capital temporariamente para incentivar as instituições financeiras locais a fornecerem mais dólares.
Estímulo para empresas: Cerca de 50 trilhões de won do pacote econômico suplementar vão para financiamentos de emergência para pequenas empresas.
Alemanha
Medidas fiscais e econômicas: No fim de março, o país acertou um pacote de até €750 bilhões para conter os impactos da crise.
Estímulo para empresas: Mais €100 bilhões serão destinados a um fundo de estabilidade econômica que pode assumir participações diretas em empresas e que garantirá empréstimos para empresas com dívidas sob risco de inadimplência. Outros €100 bilhões serão creditados ao banco público de desenvolvimento para empréstimos a empresas em dificuldades. Os empregadores também têm financiamento público para reduzir o número de horas que seus funcionários trabalham devido à queda na produção. O plano também contempla o adiamento do pagamento de impostos.
Ações para a população: O governo alemão começou a pagar de €5 mil a €9 mil para trabalhadores autônomos e empresas com até cinco empregados no estilo CLT, e até €15 mil para companhias com até dez trabalhadores. O benefício será pago a essas pessoas por 3 meses para que possam se ajustar em meio à pandemia, e como não é um empréstimo, não há necessidade de retorno.
Itália
Medidas fiscais e econômicas: O governo italiano decretou no meio de março um auxílio emergencial no valor de €25 bilhões
Estímulo para empresas: O pacote econômico suspende temporariamente o pagamento de hipotecas e obrigações fiscais para empresas e confere auxílio financeiro às empresas afetadas.
Ações para a população: Também consta no pacote econômico a suspensão do pagamento de hipotecas, o auxílio financeiro aos trabalhadores autônomos afetados, o subsidio a desempregados, a proibição de demissões por dois meses, a amplação da licença parental e a entrega de um bônus para que os pais que precisam trabalhar paguem pelo cuidado de seus filhos.
O Banco Central da Itália (Bankitalia) publicou um relatório em que prevê o fechamento de cerca de 422 mil postos de trabalho em 2020, sendo que a metade deles está no setor de turismo.
Inglaterra
Medidas fiscais e econômicas: O Banco da Inglaterra introduziu um novo programa de crédito barato e reduziu um amortecedor de capital para ajudar os bancos a emprestarem. Um mecanismo de financiamento corporativo do Banco comprará papéis comerciais com prazo de vencimento em até 12 meses de empresas com classificação de risco em grau de investimento ou semelhante no período pré-crise.
Estímulo para empresas: Em março, o país lançou um plano de estímulo de 30 bilhões de libras; 330 bilhões de libras em garantias de empréstimos para empresas; ofereceu pagar até 80% das despesas com salários se os funcionários forem colocados em licença, até um máximo de 2.500 libras (US$ 2.930) cada por mês — se as empresas os mantiverem. As empresas também têm permissão para reter temporariamente 30 bilhões de libras (US$ 35 bilhões) de imposto sobre valor agregado (IVA). e injetará bilhões em ajuda direta e subsídios a pequenas empresas, além de isenções fiscais por um ano
Ações para a população: A Inglaterra também suspenderá pagamentos de hipotecas por três meses para pessoas com dificuldades financeiras.
EUA
Medidas fiscais e econômicas: O governo dos Estados Unidos anunciou trilhões de dólares em acordos de recompra que inundaram os mercados com dinheiro. Linhas de swaps com outros grandes bancos centrais foram programadas para fornecer financiamento em dólares. O governo também anunciou um programa de apoio a fundos do mercado monetário e várias flexibilizações de amortecedores de capital bancário, além de financiamento de suportes para empresas fornecerem empréstimos que se entendem até quatro anos.
Estímulo para empresas: O Congresso aprovou um pacote de estímulo de US$ 2 trilhões, incluindo um fundo de US$ 500 bilhões para ajudar indústrias afetadas com empréstimos. O Federal Reserve, banco central dos EUA, além de reduzir as taxas de juros para quase 0 e injetar liquidez no valor de US$ 700 milhões no mercado com a compra de títulos do tesouro e hipotecários, anunciou que retomará seu programa de compra de dívida corporativa, implementado pela primeira vez durante a Grande Recessão de 2008. Também se planeja para estender crédito para pequenas e médias empresas.
Ações para a população: O governo anunciou também um auxílio de até US$ 3.000 a milhões de famílias norte-americanas.
Uruguai
Medidas macroeconômicas: adiamento do pagamento de impostos e previdência social, aumento de linhas de crédito com juros baixo, empréstimos para pequenas e médias empresas, regime especial de seguro desemprego – a empresa paga 50% do salário e o governo paga 25% do salário, e adiamento de parcelas de empréstimos em bancos e administradoras de crédito para pessoas físicas e pessoas jurídicas.