Foto de capa: Fernando Souza / El País
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O Brasil pode ser o próximo epicentro da pandemia do novo coronavírus. A afirmação foi feita pela imprensa internacional com base no sistema de saúde precário do país, da baixa adesão às medidas de isolamento social e dos números de contágios e mortes subestimados pelo governo federal.
De acordo com a reportagem da agência AFP, publicada em veículos franceses e distribuída para todo o mundo, “o Brasil parece condenado a se tornar o próximo epicentro da crise planetária do coronavírus”, ao registrar “uma velocidade galopante” na propagação de casos.
Domingos Alves, do Laboratório de Informações sobre a Saúde da USP, confirma a teoria da agência. O coletivo de pesquisadores Covid-19 Brasil, do qual Alves faz parte, estima que o número real de novos casos registrados no Brasil é 16 vezes superior ao divulgado pelo Ministério da Saúde. Atualmente, o país é o segundo do mundo com o maior número de novos casos, atrás apenas dos Estados Unidos.
O último boletim do Ministério da Saúde informou que o número de mortes de pacientes infectados pelo novo coronavírus subiu para 6.750 em 24 horas. Os casos confirmados da COVID-19 saltaram para 96.559. Foram mais 4.970 casos em 24 horas, um acréscimo de 5%.
Dezessete estados e o Distrito Federal anunciaram nesta semana a ampliação do isolamento social no mês de maio com o objetivo de conter o avanço do coronavírus.
Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Pará, Paraíba , Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe estenderam as restrições de acesso a escolas, comércio e outros locais públicos.
Além dos citados acima, a Região Metropolitana de São Luís, no Maranhão, será o primeiro local no Brasil a adotar o lockdown. A duração da medida está prevista para dez dias, a partir da próxima terça-feira (5/5). Após o anúncio do bloqueio total, moradores lotaram vários supermercados na Grande Ilha de São Luís, que abrange as cidades de Paço do Lumiar, Raposa, São José de Ribamar e São Luís. A correria pelas compras aconteceu mesmo quando o governador maranhense Flávio Dino declarou que os serviços essenciais serão mantidos e que os supermercados não vão fechar. O governo também já afirmou outras vezes que não há risco de desabastecimento.
O ministro da Saúde, Nelson Teich, esteve em Manaus, no Amazonas, neste domingo para acompanhar a situação de enfrentamento ao coronavírus no local. O Estado é um dos mais afetados pela pandemia e aparece em 5º lugar no ranking brasileiro, com 501 mortes e 6.062 casos. O sistema de saúde do Estado vem sofrendo forte estresse com o número de doentes e internados devido ao vírus e está prestes a colapsar.
Domingo foi marcado por manifestações contra a quarentena no Brasil
Um grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro se aglomerou em meio à Esplanada dos Ministérios, em Brasília, na manhã deste domingo para pedir o fim do isolamento social instituído para combater a pandemia no país, e protestar contra ministros do STF e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Eles receberam um aceno do presidente Jair Bolsonaro, que desceu a rampa do Palácio do Planalto e realizou uma live.
Desde o início da pandemia, o presidente minimiza a doença, diz que não se trata de nada grave e insiste em convencer as pessoas a irem para a rua, uma posição que seu próprio Ministério da Saúde, além de autoridades e especialistas do Brasil e do mundo, rejeitam duramente.
87,5% dos novos casos de COVID-19 no Paraguai foram importados do Brasil
O Paraguai voltou a registrar aumento nos novos casos diários de novo coronavírus, após sucessivas quedas. Segundo o Ministério da Saúde paraguaio, 87,5% dos diagnósticos registrados nos últimos dois balanços diários são de pessoas que estiveram no Brasil.
De acordo com balanço de ontem, o Paraguai registrou 37 novos casos de COVID-19.
Desses, 28 pacientes vieram do Brasil, e estão em quarentena obrigatória determinada pelo governo paraguaio. Na véspera, dos 67 novos registros, 63 eram de pessoas que estiveram em território brasileiro.
Segundo o jornal “ABC Color”, a maioria dos casos é de paraguaios que já estavam em quarentena ao voltar do Brasil. As fronteiras do Paraguai estão fechadas desde 24/3, e somente cidadãos do país em viagem de retorno são aceitos.
Coronavírus no mundo
O número de pessoas infectadas pelo novo coronavírus se aproxima dos 3,5 milhões em todo o mundo. Os dados são da Universidade John Hopkins, que faz um acompanhamento diário desde o início da pandemia.
Italianos contam as horas para retornar gradualmente às ruas do país nesta segunda-feira (4/5), quando o governo começa a flexibilizar as regras de confinamento após dois meses de quarentena para conter o avanço do novo coronavírus. Parques e jardins públicos devem abrir amanhã para caminhadas e passeios de bicicleta ou com crianças, mas os cidadãos terão de manter distanciamento de um metro uns dos outros e evitar piqueniques e playgrounds.
O relaxamento do isolamento social acontece depois do país registrar nova alta no número de óbitos em decorrência da doença. Em seu balanço diário sobre a epidemia de coronavírus, o governo italiano anunciou 474 novas mortes no país. Com os novos registros, a Itália tem um total de 28.710 mortes pela Covid-19 e continua sendo o país mais afetado pela doença da Europa.
Com 621 novas mortes, o Reino Unido passa de 28 mil óbitos por COVID-19 e torna-se o segundo mais afetado pela pandemia no continente europeu, ultrapassando a Espanha. Sábado (2/5) foi o segundo dia consecutivo que foram realizados mais de 100 mil exames, mantendo assim os objetivos das autoridades britânicas. A vice conselheira médica da Inglaterra, Jenny Harries, explicou que o número de pacientes internados no país neste fim de semana caiu 13%, na comparação com a semana passada.
Os Estados Unidos registraram 1.435 novas mortes por COVID-19 em 24 horas elevando o número de mortes pelo vírus no país para mais de 66 mil. Apesar dos números altos no país, o fim de semana ensolarado levou centenas de pessoas a áreas públicas, como o Central Park, desafiando as medidas de restrição e os apelos do prefeito Bill de Blasio para que o isolamento social seja mantido em Nova York.
Política de Trump pode ampliar espaço para que a China conquiste influência mundial
Antes da chegada do coronavírus, o mundo acompanhava uma disputa comercial e tecnológica entre as duas maiores economias. Agora, quando se fala no desenho de forças no cenário pós-pandemia, a grande pergunta é se a China vai superar os Estados Unidos como liderança global.
Um levantamento da BBC News Brasil consultou especialistas em relações internacionais para explicar as expectativas em relação à ordem mundial pós-pandemia. Eles apontam que a crise está acelerando tendências geopolíticas que se desenhavam antes do coronavírus, como o fato de que Washington já se distanciava da liderança global.
De acordo com a conselheira sênior do diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, Tatiana Prazeres, os EUA estão mais autocentrados e menos dispostos a liderar uma resposta internacional para a pandemia, o que abre espaço para o avanço dos chineses.
O ex-embaixador do Brasil em Washington, Rubens Barbosa, concorda que “é a atitude de Trump em relação às políticas que abre espaço para a China” e aponta que elas contrariam a tradição do país no pós-guerra, citando o Plano Marshall, que foi o projeto estadunidense de reconstrução de países europeus aliados depois da Segunda Guerra Mundial.
Até agora, o ex-embaixador diz que a China tem demonstrado mais força no cenário internacional. “Apesar das críticas, apesar da vulnerabilidade, apesar de cair o crescimento da China, eu acho que a China hoje está melhor preparada que os Estados Unidos para emergir mais forte.”
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